As taxas do Tesouro Direto dispararam na manhã desta quarta-feira (9), levando à paralisação temporária das negociações pela B3. O movimento de alta nos rendimentos dos títulos públicos foi impulsionado pela tensão no cenário internacional, após a China anunciar tarifas de 84% sobre importações dos Estados Unidos, como retaliação à política comercial americana. A oscilação acentuada forçou a suspensão automática dos negócios, conforme previsto pelo sistema de segurança da plataforma.
Por volta das 11h, o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029 chegou a pagar 7,82% ao ano, frente aos 7,67% registrados na noite anterior. Já o Tesouro Prefixado 2028, que na véspera oferecia rendimento de 14,08% ao ano, saltou para 15,10%. Apesar da reabertura do sistema no fim da manhã, os títulos ainda apresentam taxas elevadas, superiores às dos dias anteriores. A alta é reflexo direto do aumento da aversão ao risco entre os investidores.
O Tesouro Direto é uma plataforma de negociação de títulos públicos federais voltada ao investidor pessoa física. Os títulos podem ser adquiridos diretamente em corretoras e bancos habilitados ou na plataforma online da Secretaria do Tesouro Nacional, em parceria com a B3. Movimentos como o desta manhã já se tornaram recorrentes nos últimos meses, em meio à volatilidade do mercado internacional e às expectativas em torno da política monetária global.
As negociações são automaticamente interrompidas quando as taxas variam além dos limites definidos pelo sistema. Isso serve para proteger o investidor da instabilidade excessiva e garantir a transparência nas operações. No entanto, o retorno dos negócios não significa que o cenário tenha se estabilizado. A continuidade das tensões entre China e Estados Unidos mantém a pressão sobre os ativos brasileiros, especialmente os de renda fixa.
Confira a seguir as taxas atualizadas dos principais títulos disponíveis no Tesouro Direto:
- Tesouro Prefixado 2028 | Taxa: 14,36% | Vencimento: 01/01/2028 | Mínimo: R$ 6,94
- Tesouro Prefixado 2032 | Taxa: 14,95% | Vencimento: 01/01/2032 | Mínimo: R$ 3,93
- Tesouro Prefixado com juros semestrais 2035 | Taxa: 15,10% | Vencimento: 01/01/2035 | Mínimo: R$ 7,84
- Tesouro Selic 2028 | Taxa: SELIC + 0,0590% | Vencimento: 01/03/2028 | Mínimo: R$ 163,34
- Tesouro Selic 2031 | Taxa: SELIC + 0,1137% | Vencimento: 01/03/2031 | Mínimo: R$ 162,53
- Tesouro IPCA+ 2029 | Taxa: IPCA + 7,82% | Vencimento: 15/05/2029 | Mínimo: R$ 33,02
- Tesouro IPCA+ 2040 | Taxa: IPCA + 7,45% | Vencimento: 15/08/2040 | Mínimo: R$ 14,97
- Tesouro IPCA+ 2050 | Taxa: IPCA + 7,30% | Vencimento: 15/08/2050 | Mínimo: R$ 7,59
- Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2035 | Taxa: IPCA + 7,68% | Vencimento: 15/05/2035 | Mínimo: R$ 40,95
- Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2045 | Taxa: IPCA + 7,58% | Vencimento: 15/05/2045 | Mínimo: R$ 38,99
- Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2060 | Taxa: IPCA + 7,44% | Vencimento: 15/08/2060 | Mínimo: R$ 37,56
O investidor deve observar que as taxas do Tesouro Direto sofrem alterações constantes, sendo influenciadas por fatores como inflação, política monetária, câmbio e risco fiscal. No contexto atual, com o aumento da tensão geopolítica e a possibilidade de novos desdobramentos na relação entre China e EUA, o cenário tende a permanecer instável no curto prazo.
Outro ponto de atenção está no comportamento dos investidores institucionais, que também podem reavaliar suas estratégias diante do novo patamar das taxas. Para o pequeno investidor, o momento exige cautela e análise de perfil de risco, especialmente em relação ao prazo de vencimento e à marcação a mercado, que pode gerar oscilações nos valores dos títulos antes do vencimento.
A valorização das taxas, apesar de representar maior rentabilidade, pode trazer perdas momentâneas para quem pretende vender os papéis antes do prazo. Já para quem pretende manter os investimentos até o vencimento, os atuais rendimentos podem representar uma oportunidade de retorno elevado.
Conclusão:
O aumento abrupto nas taxas do Tesouro Direto e a suspensão temporária das negociações refletem o impacto direto das tensões comerciais entre China e Estados Unidos no mercado brasileiro. Apesar da retomada das operações, os rendimentos continuam em patamares elevados, exigindo atenção redobrada dos investidores. A expectativa é de que a volatilidade continue nos próximos dias, à medida que o cenário internacional evolui e novos dados econômicos sejam divulgados.