Os brasileiros detidos após a interceptação da flotilha humanitária Global Sumud pela Marinha israelense continuam sem previsão de liberação. Entre eles está a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), ex-prefeita de Fortaleza, que permanece na prisão de Ketziot, no deserto de Negev, depois de recusar a assinatura de um termo de deportação acelerada.
A flotilha foi interceptada na quarta-feira (1º) no Mediterrâneo. O documento apresentado pelos israelenses permitiria a expulsão imediata dos estrangeiros sem audiência judicial, mas a parlamentar considerou a medida abusiva por implicar o reconhecimento de entrada irregular em território israelense.
Audiências concluídas sem decisão
As audiências de imigração, iniciadas na semana passada, foram encerradas neste domingo (5). Cada detido foi levado a um juiz, acompanhado por advogado e intérprete quando disponíveis. O magistrado avalia se houve ingresso ilegal ou risco à segurança do Estado. Mesmo com o término das sessões, ainda não foi definido se o grupo será libertado ou deportado.
O processo é sumário, com prazos de recurso de 48 a 72 horas. Até o momento, apenas o brasileiro Nicolas Calabrese foi deportado; os demais seguem detidos.
Posicionamento do governo brasileiro
O Itamaraty divulgou nota na quinta-feira (2) exigindo a libertação imediata dos brasileiros e solicitando acesso consular irrestrito. Diplomatas visitaram Ketziot por mais de oito horas e informaram que todos estão em boas condições físicas e demonstram resiliência emocional.
Segundo a Embaixada do Brasil em Tel Aviv, o governo israelense ainda não comunicou datas ou detalhes sobre possíveis voos de deportação.
Imagem: Renato Araújo
Repercussão política e protestos
No Congresso Nacional, parlamentares de diversos partidos pressionam o Ministério das Relações Exteriores por medidas mais duras, incluindo eventual suspensão de relações comerciais com Israel, caso os brasileiros não sejam soltos.
Em São Paulo, milhares de manifestantes participaram neste domingo (5) de um ato pró-Palestina, organizado por movimentos de esquerda e sindicatos, em solidariedade aos ativistas detidos ao tentar furar o bloqueio naval imposto por Israel à Faixa de Gaza.
A Marinha israelense declarou que a operação foi realizada sem feridos e que o bloqueio visa impedir o contrabando de armas para o Hamas. Já o governo brasileiro sustenta que a abordagem ocorreu em águas internacionais, o que configuraria violação ao direito internacional.
Com informações de Gazeta do Povo







