O ministro Luís Roberto Barroso declarou nesta terça-feira, 7 de outubro de 2025, que a exposição proporcionada pela TV Justiça impacta diretamente a maneira como os integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) apresentam seus votos. De acordo com ele, os magistrados “votam para os colegas e para quem está assistindo”, buscando explicar os argumentos tanto ao plenário quanto ao público que acompanha as sessões ao vivo.
A declaração foi feita durante um encontro com empresários em São Paulo, poucos dias após Barroso deixar a presidência do STF, em 29 de setembro. O ministro, que completaria 75 anos apenas em 2033, voltou a indicar que poderá antecipar sua aposentadoria.
Competência ampla e pressões externas
Barroso destacou que a Constituição atribui ao Supremo “uma vastíssima competência criminal”, o que, segundo ele, gera atritos frequentes com outros Poderes. O magistrado afirmou que o Judiciário é alvo de críticas “por todos os lados” e que muitas decisões provocam descontentamento de grupos influentes.
Entre os temas considerados mais divisivos julgados recentemente pela Corte, ele citou a união entre pessoas do mesmo sexo, direitos LGBTQIA+, cotas em universidades, combate ao desmatamento da Amazônia, aborto, política de drogas, ataques à democracia, regulamentação de redes sociais, medidas adotadas na pandemia, terceirização, processos criminais contra políticos e o ensino religioso em escolas públicas.
Julgamentos relacionados ao 8 de janeiro
O ministro também comentou as condenações impostas aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 e na suposta tentativa de golpe de Estado. Na avaliação de Barroso, as sentenças foram corretas, mas ainda há espaço para revisar as penas. Ele mencionou a existência do plano “Punhal Verde Amarelo”, a recusa do então comandante do Exército em aderir ao golpe, a ordem para alterar relatório das Forças Armadas sobre eleições e o estímulo a acampamentos em frente a quartéis, classificando esses pontos como “fatos comprovados”.
Imagem: Rosinei Coutinho
Ao final do evento, Barroso adotou tom de despedida. “Fui juiz por 12 anos. Fiz o que achei que era certo e nunca tive medo de nada. Consegui sobreviver 12 anos em Brasília, o que não é fácil”, afirmou, reforçando a possibilidade de deixar o tribunal antes do prazo constitucional.
Com informações de Gazeta do Povo







