Belém (PA) – A 30ª Conferência das Partes da ONU sobre o Clima (COP 30) terminou no sábado, 22 de novembro de 2025, sem aprovar as principais propostas defendidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): a criação de metas globais para eliminar combustíveis fósseis e um roteiro para zerar o desmatamento.
Lula voltou a Belém nos últimos dias de reuniões para tentar destravar as negociações, mas enfrentou resistência de nações árabes, China e Índia. A sugestão brasileira chegou a receber apoio inicial de 20 países — entre eles Colômbia, Reino Unido, França, Suécia e Ilhas Marshall — porém foi retirada do texto final.
Com a exclusão do tema, o documento aprovado não cita combustíveis fósseis, apontados por especialistas como responsáveis por mais de 80% das emissões de gases de efeito estufa. Mesmo assim, o presidente declarou estar “muito satisfeito” com o resultado geral da conferência.
Declarações pós-COP
Em Joanesburgo, onde participou da cúpula do G20 no domingo, 23, Lula disse que o debate sobre a eliminação de fósseis “começou” e destacou ações brasileiras, como a mistura de 15% de biodiesel no óleo diesel e de 30% de etanol na gasolina. O chefe do Executivo pediu que outros países sigam o exemplo, citando o potencial do continente africano para produzir biocombustíveis.
Planos paralelos
Diante do impasse, o presidente da COP 30, o diplomata André Corrêa do Lago, anunciou que o Brasil elaborará por conta própria dois “mapas do caminho”: um para reverter o desmatamento e outro para a transição energética. Os detalhes ainda não foram divulgados.
Clima tenso nas sessões finais
A derrota brasileira coincidiu com discussões acaloradas durante a aprovação do texto. Delegações da Colômbia e do Panamá acusaram a presidência da COP de falta de transparência. A representante colombiana Daniela Durán González afirmou que sua objeção não foi reconhecida, o que, segundo ela, poderia ter bloqueado o documento.
Nas redes sociais, o presidente colombiano Gustavo Petro criticou a ausência de referência clara aos combustíveis fósseis. A Rússia saiu em defesa de Corrêa do Lago e comparou o comportamento dos países insatisfeitos ao de “crianças querendo todos os doces”. A Argentina respondeu dizendo que as nações latino-americanas estavam ali para representar “milhões de habitantes do continente”.
Corrêa do Lago reconheceu falhas operacionais, alegou não ter visto os pedidos de fala e mencionou falta de sono e “idade avançada” durante as intensas rodadas de negociação.
Financiamento de adaptação
O texto final trouxe apenas um avanço modesto sobre financiamento climático: promessa de triplicar os recursos para adaptação até 2035, sem especificar valores ou a forma de contribuição de cada país.
Sem apoio para suas principais bandeiras, o governo brasileiro deixa Belém sem o resultado que pretendia apresentar ao mundo, enquanto as discussões sobre combustíveis fósseis seguem como ponto sensível nas tratativas climáticas globais.
Com informações de Gazeta do Povo







