O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), anunciado em 5 de dezembro de 2025 como pré-candidato da família Bolsonaro à Presidência da República, passou de articulador conciliador a principal crítico do Supremo Tribunal Federal (STF) nos últimos anos. O foco das investidas é o ministro Alexandre de Moraes, responsável por processos que levaram o ex-presidente Jair Bolsonaro à prisão.
Entre 2019 e 2022, Flávio atuava nos bastidores para evitar choques entre o Executivo e a Corte, chegando a trabalhar contra a instalação da CPI da Lava Toga no Senado. Hoje, afirma que a “pacificação” foi um erro e sustenta que a condenação do pai por tentativa de golpe é “farsa”.
Defesa de anistia e apelos por prisão domiciliar
O parlamentar tornou-se um dos principais defensores de anistia ampla para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, alegando que as penas impostas pelo STF são políticas e desproporcionais. Também tem feito apelos públicos para que Moraes conceda prisão domiciliar humanitária a Jair Bolsonaro, citando fragilidade de saúde do ex-chefe do Executivo.
Discurso no Senado contra decisão de Gilmar Mendes
Em 3 de dezembro, na tribuna do Senado, Flávio reagiu à decisão do ministro Gilmar Mendes que dificultou pedidos de impeachment de integrantes do STF. Disse que contar com a “autocontenção” da Corte foi “remédio errado” e que críticos do Supremo são tratados como ameaças à democracia.
Relação com o STF durante o caso da rachadinha
Flávio se aproximou de ministros quando enfrentou suspeitas de desviar salários de servidores na Assembleia Legislativa do Rio (caso da rachadinha). Relatórios do antigo Coaf apontaram movimentações de R$ 1,2 milhão de Fabrício Queiroz entre 2016 e 2017. O Ministério Público do Rio denunciou o senador por organização criminosa e lavagem de dinheiro, mas as investigações foram suspensas em 2019 por decisão de Gilmar Mendes, que manteve o caso arquivado em 2025.
Imagem: Saulo Cruz
Atuação parlamentar
Presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado desde o início de 2025, Flávio prioriza pautas de liberação de armas, endurecimento penal, combate ao crime organizado e crítica ao que chama de “ativismo judicial”.
Impacto eleitoral
Analistas políticos ouvidos pela reportagem avaliam que a escolha de Jair Bolsonaro pelo filho mais velho tem caráter estratégico. Alexandre Bandeira prevê divisão formal da direita entre “bolsonaristas raiz” e grupos conservadores que buscam alternativas sem o sobrenome Bolsonaro. Já Elias Tavares acredita que a indicação consolida um projeto “100% bolsonarista” para 2026. Pesquisas internas citadas pelos especialistas mostram Flávio atrás do presidente Lula em cenários de segundo turno, indicando necessidade de ampliar apoio para se viabilizar eleitoralmente.
Com informações de Gazeta do Povo







