O programa Fantástico, da TV Globo, exibiu no domingo, 5 de outubro, detalhes de uma investigação que aponta o desvio de aproximadamente R$ 73 milhões de recursos públicos no Tocantins. Segundo a reportagem, o esquema teria sido liderado pelo atual governador afastado, Wanderlei Barbosa (Republicanos), entre 2020 e 2021, período em que ocupava o cargo de vice-governador.
De acordo com a Polícia Federal, empresas de fachada e contratos fraudulentos eram usados para simular a distribuição de cestas básicas durante a pandemia de covid-19. Notas fiscais falsas e recibos duplicados teriam servido para justificar pagamentos irregulares.
Envolvidos e funcionamento do esquema
As apurações indicam que a primeira-dama, Karynne Sotero, atuava como articuladora do grupo. Ela manteria contato direto com o empresário e ex-marido, Paulo César “PC” Lustosa, apontado como responsável por movimentar os valores e intermediar os contratos.
Também são citados na investigação Wilton Rosa Pires e Maria Bispa Socorro Guimarães, suspeitos de captar propina e negociar vantagens indevidas junto a fornecedores do Estado. Parte do montante desviado teria financiado a construção de um resort registrado em nome de Rérison Castro, filho do governador, identificado pelos investigadores como laranja.
Áudios interceptados pela Polícia Federal e exibidos pelo Fantástico mostram os investigados discutindo a divisão do dinheiro e a execução dos contratos.
Operação Fames-19 e afastamento
Na segunda fase da Operação Fames-19, deflagrada em setembro, agentes apreenderam R$ 52 mil na residência de Wanderlei Barbosa e cerca de R$ 700 mil em espécie com outros suspeitos. O ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou o afastamento do governador por seis meses, citando a existência de “núcleo político” liderado por Barbosa e Karynne Sotero para comandar as fraudes.
Imagem: Folha do Bico
Defesas negam acusações
Em nota ao Fantástico, as defesas de Wanderlei Barbosa e Karynne Sotero afirmaram que o então vice-governador não tinha ingerência sobre os repasses e que o casal não mantém contato com os demais investigados desde 2017. As representações de Paulo César Lustosa e Wilton Pires também negaram qualquer participação, alegando inexistência de contratos com o governo estadual. Maria Bispa Socorro Guimarães não se manifestou.
O caso aprofunda a crise política no Tocantins: os três últimos governadores eleitos — Marcelo Miranda, Mauro Carlesse e Wanderlei Barbosa — foram afastados por denúncias de corrupção, intensificando a cobrança por transparência na administração pública.
Com informações de Folha do Bico







