O governo dos Estados Unidos revogou, nesta quarta-feira, 13 de agosto de 2025, os vistos norte-americanos de Mozart Júlio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e do ex-servidor público Alberto Kleiman. Os dois participaram da concepção e da implantação do programa Mais Médicos em 2013.
De acordo com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, os dois brasileiros “foram responsáveis ou colaboraram” com um “esquema coercitivo de exportação de mão de obra do regime cubano”, alegação que envolve trabalho forçado de profissionais de saúde enviados a outros países.
Reação de Mozart Sales
Em nota divulgada no Instagram, Mozart Sales classificou a medida como “injusta” e afirmou que o Mais Médicos é essencial para garantir assistência a milhares de brasileiros. “Essa sanção injusta não tira minha certeza de que o programa defende e representa a essência do SUS, o maior sistema público de saúde do mundo – universal, integral e gratuito”, declarou.
Censuras à Opas
Rubio também criticou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e anunciou sanções contra ex-funcionários da entidade, acusando-a de atuar como intermediária do Mais Médicos para evitar regras constitucionais brasileiras e contornar sanções dos EUA a Cuba.
Quem é quem
Mozart Sales — Médico formado pela Universidade de Pernambuco, é braço direito do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ambos idealizaram o Mais Médicos quando Padilha comandava a pasta, em 2013, no governo Dilma Rousseff (PT). Entre outros cargos, Mozart foi:
- assessor de gabinete do ministro da Saúde (2003-2004);
- chefe de gabinete (2011-2012);
- secretário de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (2012-2014);
- chefe de gabinete e assessor-chefe na Secretaria de Relações Institucionais (2009-2010).
Servidor concursado do Hospital Universitário Oswaldo Cruz desde 1999 e médico legista em Pernambuco desde 2001, também foi vereador em Recife entre 2004 e 2008.
Imagem: Jerônimo Gonzalez via gazetadopovo.com.br
Alberto Kleiman — Dirigiu o Departamento de Relações Internacionais do Ministério da Saúde de abril de 2012 a janeiro de 2015, período em que o Mais Médicos foi implementado. De janeiro de 2015 a fevereiro de 2022, atuou na Opas como diretor de Relações Exteriores, Parcerias e Mobilização de Recursos. Em 2024, chefiou Relações Institucionais e Parcerias da Secretaria-Extraordinária para a COP 30 e, atualmente, coordena a conferência pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
Defesa do Ministério da Saúde
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reagiu pelas redes sociais: “Saúde e soberania não se negociam”. Ele afirmou que o Mais Médicos “salva vidas” e que o programa “sobreviverá aos ataques injustificáveis”. Padilha destacou ainda que, nos dois primeiros anos do atual governo, o número de médicos participantes dobrou. Nem o ministro nem a ex-presidente Dilma Rousseff foram alvo de restrições norte-americanas.
As sanções entram em vigor imediatamente e impedem Mozart Sales e Alberto Kleiman de entrarem em território dos Estados Unidos.
Com informações de Gazeta do Povo
