A Coalizão para a Descarbonização dos Transportes anunciou, durante a COP30 em Belém (PA), o compromisso de reduzir em 70% as emissões de gases do efeito estufa do setor até 2050. A iniciativa já conta com 121 signatários, entre empresas, concessionárias, secretarias municipais e entidades de mobilidade urbana.
Lançada em 2024 com incentivo do presidente da conferência, o embaixador André Corrêa do Lago, a coalizão nasceu da articulação da Confederação Nacional do Transporte (CNT), do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), da Motiva e do Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável do Insper.
Panorama atual
O transporte responde hoje por 11% das emissões brasileiras de CO2 equivalente, sendo 90% gerados pelo modal rodoviário. Caso nenhuma ação seja adotada, o volume poderá chegar a 424 milhões de toneladas em 2050, crescimento de 63% em relação a 2023.
Plano estratégico
O documento elaborado pela coalizão reúne 90 ações, com três frentes consideradas essenciais:
- Mudar a matriz de transporte: elevar a participação ferroviária de 16% para 33% no transporte de cargas, reduzir a rodoviária de 70% para 45% e ampliar a aquaviária de 15% para 22%. O ajuste exige cerca de R$ 270 bilhões em investimentos.
- Expandir biocombustíveis: adotar combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e diesel verde, demanda que deve requerer R$ 225 bilhões até 2050.
- Eletrificar a frota: aproveitar a matriz elétrica limpa do país para diminuir em até 145 milhões de toneladas as emissões do transporte individual rodoviário, com investimentos estimados em R$ 40 bilhões na infraestrutura de recarga.
Medidas de curto prazo
Especialistas defenderam ações imediatas, entre elas:
Imagem: Marcos Assis
- Novo Marco Legal das Ferrovias, que incentiva a participação privada na expansão do setor;
- Lei do Combustível do Futuro, destinada a ampliar o uso de biocombustíveis;
- Programa Refrota, que prevê financiamento federal para a compra de 2.296 ônibus elétricos.
O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, alertou que a retirada de veículos antigos e poluentes é indispensável. Ele sugeriu IPVA progressivo, modelo já aplicado em alguns países europeus, para acelerar a renovação da frota. Já o CEO da Motiva, Miguel Setas, destacou o potencial brasileiro para biocombustíveis e afirmou que a eletrificação avançará em ritmo próprio, com uma rede de abastecimento diferente da dos postos convencionais.
Com informações de Olhar Digital








