Um relatório da organização sem fins lucrativos AI Forensics, com sede em Paris, identificou uma explosão de conteúdo criado por inteligência artificial no TikTok. Segundo o estudo, 354 contas dedicadas a publicar vídeos sintéticos postaram cerca de 43 mil materiais em apenas um mês, acumulando 4,5 bilhões de visualizações.
Publicação em massa e temas controvertidos
Os pesquisadores observaram que algumas contas chegam a divulgar até 70 vídeos por dia, ritmo que sugere uso de automação para driblar o algoritmo da plataforma. A maioria desses perfis foi criada no início de 2025, indicando crescimento acelerado desse tipo de conteúdo.
Entre os principais achados, o levantamento aponta:
- Metade dos vídeos não trazia qualquer menção de ter sido gerado por IA;
- Menos de 2% utilizavam o selo oficial do TikTok para conteúdo artificial;
- Vários clipes simulavam telejornais com discursos anti-imigração;
- Diversos posts sexualizavam personagens femininas — inclusive figuras que aparentavam ser menores de idade.
Foco no corpo feminino
Metade das contas analisadas concentra-se em imagens de mulheres criadas digitalmente, sempre retratadas com roupas justas, decotes ou poses sensuais.
Resposta do TikTok
Após a divulgação do estudo, algumas contas foram excluídas. O TikTok classificou as acusações como “infundadas” e afirmou que o desafio com conteúdo de IA não é exclusivo da plataforma. A empresa declarou remover material prejudicial gerado artificialmente e ter bloqueado centenas de milhões de contas de bots. Segundo um porta-voz, há investimento em tecnologias líderes de rotulagem e a possibilidade de o usuário optar por ver menos publicações sintéticas.
Contexto geral
A própria rede informa abrigar 1,3 bilhão de postagens geradas por IA. Com mais de 100 milhões de vídeos enviados diariamente, o volume rotulado ainda representa uma fração pequena do acervo total. Os pesquisadores defendem medidas adicionais, como separar conteúdo humano do material artificial.
Imagem: Internet
Nem todo vídeo analisado foi considerado prejudicial. Entre os mais populares, estão clipes de animais em “competições olímpicas” ou bebês falantes — exemplos classificados como irrelevantes, mas vistos como divertidos pela equipe do relatório.
No entendimento dos autores, a presença massiva de produções sintéticas já faz parte do ecossistema viral da plataforma, tornando cada vez mais tênue a linha entre o que é autêntico e o que é fabricado por inteligência artificial.
Com informações de Olhar Digital








