Atenção: esta reportagem trata de suicídio. Caso precise de ajuda, contate o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo telefone 188, disponível 24 h, ou acesse o chat e o e-mail da instituição.
O que é o Transtorno de Personalidade Borderline
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é caracterizado por padrão persistente de instabilidade emocional, comportamental e relacional que surge no início da vida adulta e se manifesta em diferentes contextos, trazendo prejuízos significativos ao dia a dia. Estudos estimam que a condição atinja de 1 % a 2 % da população.
Sintomas mais frequentes
Entre os sinais mais relatados estão:
- medo intenso de abandono;
- relações que alternam idealização e desvalorização;
- perturbação de identidade;
- impulsividade em situações de risco;
- comportamentos ou ameaças de autoagressão;
- forte reatividade do humor;
- sensação crônica de vazio;
- dificuldade para lidar com a raiva;
- sintomas dissociativos ou ideias paranoides sob estresse.
O transtorno está associado a elevado uso de serviços de emergência e a taxas de tentativa de suicídio muito superiores às da população geral. O risco de mortalidade por suicídio varia de 5 % a 10 %.
Possíveis causas
Não há causa única. Pesquisas apontam a interação de fatores biológicos com experiências ambientais, como traumas na infância e instabilidade familiar. Nesses casos, alterações na forma de processar emoções, ameaça e recompensa podem contribuir para reações intensas a situações percebidas como rejeição.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico e deve ser feito por profissionais de saúde mental. Psicólogos costumam conduzir a avaliação inicial e psiquiatras confirmam o quadro após analisar padrão de funcionamento desde a juventude, prejuízos funcionais e exclusão de outras condições. A distinção com o transtorno bipolar é comum: enquanto o TPB mostra reatividade emocional a eventos interpessoais, o bipolar apresenta episódios de alteração de humor com duração definida.
Tratamento
A intervenção de primeira linha é a psicoterapia, com foco em:

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- regulação emocional;
- tolerância ao desconforto;
- atenção plena (mindfulness);
- comunicação assertiva.
Medicamentos podem ser prescritos para sintomas específicos, como depressão, ansiedade ou insônia, mas não substituem a terapia. Planos de segurança e acompanhamento próximo ajudam a reduzir comportamentos de risco, e o suporte da família é importante para fornecer ambiente previsível e acolhedor.
Panorama epidemiológico
Nos serviços de saúde, a maioria dos diagnósticos recai sobre mulheres, embora homens também possam ter o transtorno, muitas vezes subdiagnosticado. A evolução costuma alternar fases de instabilidade e períodos de melhora, especialmente quando o paciente tem acesso a tratamento estruturado e rede de apoio.
Entrevistas clínicas, questionários validados, investigação de padrões relacionais desde a adolescência e análise de eventos traumáticos fazem parte da avaliação. O objetivo é confirmar a presença de um padrão estável em diversos contextos e medir o grau de prejuízo.
No geral, a terapia busca fortalecer a identidade, reduzir recaídas comportamentais e ampliar a autonomia do paciente.
Com informações de Olhar Digital