Pesquisadores do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia (Virginia Tech) desenvolveram uma superfície metálica capaz de colocar blocos de gelo em movimento sem qualquer impulso externo. O trabalho, inspirado nas famosas pedras deslizantes do lago seco Racetrack Playa, no Parque Nacional Vale da Morte, foi detalhado em artigo publicado neste mês na revista ACS Applied Materials & Interfaces.
Como funciona
A equipe liderada pelo professor Jonathan Boreyko recortou ranhuras assimétricas em placas de alumínio, formando um padrão em espinha de peixe. À medida que o gelo derrete, a água escorre por esses canais e gera uma força capaz de empurrar o bloco, reproduzindo o efeito observado nas rochas californianas.
O fenômeno foi notado pela primeira vez pelo doutorando Jack Tapocik, que viu um disco de gelo permanecer parado alguns segundos sobre uma placa metálica até começar a deslizar repentinamente, impulsionado pela película de água formada por baixo.
Efeito “estilingue”
Durante os testes, os cientistas aplicaram um spray repelente sobre a superfície na tentativa de acelerar o deslizamento. Em vez disso, o gelo aderiu à placa e, em seguida, foi projetado à frente quando a água derretida acumulada na borda criou uma tensão superficial desequilibrada. O grupo batizou o fenômeno de efeito estilingue.
Aplicações possíveis
Segundo os autores, a tecnologia pode ser empregada para acelerar processos de degelo em estradas e equipamentos, evitando acúmulo de gelo. Além disso, padrões de canais desenhados em forma circular permitiriam que o bloco derretido girasse continuamente; caso ímãs fossem fixados nesse gelo, o movimento poderia gerar eletricidade de forma eficiente.

Imagem: liseykina Shutterstock
Da natureza ao laboratório
O estudo levou cinco anos até chegar ao modelo atual. A inspiração veio da explicação, apresentada em 2014 pelo professor Richard Norris, da Universidade da Califórnia em San Diego, para o movimento das pedras do Vale da Morte: sob certas condições de chuva, gelo e vento, as rochas flutuam sobre uma fina camada congelada e percorrem longas distâncias.
Nas placas da Virginia Tech, o deslocamento ocorre de maneira muito mais rápida e controlada, aumentando o potencial para aplicações industriais. Por enquanto, o conceito segue em fase experimental.
Com informações de Olhar Digital