Historiadores definem o século XVII como um dos períodos mais críticos da humanidade, marcado pela combinação de clima severo, guerras em vários continentes e colapso social – fenômeno que ficou conhecido como Crise Geral. Estudos apontam que essa convergência provocou a última redução da população mundial antes do século XX.
Clima
Entre 1550 e 1850, o planeta atravessou a Pequena Idade do Gelo, com pico de intensidade no século XVII. Na Europa, as temperaturas caíram cerca de 2 °C. O frio foi suficiente para congelar regularmente o rio Tâmisa, em Londres, cenário de populares “Feiras de Gelo”. A queda abrupta na produção agrícola gerou escassez de alimentos e fome em diversas regiões.
Conflitos armados
O mesmo período registrou alguns dos confrontos mais destrutivos já vistos. A Guerra dos Trinta Anos (1618–1648) devastou a Europa Central e pode ter causado até 8 milhões de mortes. Paralelamente ocorreram a Guerra Civil Inglesa, as revoltas da Fronda na França, as Guerras Mughal-Maratha na Índia e a violenta transição da dinastia Ming para a Qing na China.
Colapso social e econômico
A soma de frio intenso, colheitas arruinadas e guerras desencadeou inflação, revoltas populares e a ruptura de instituições. Um panfleto espanhol de 1643 retratava o clima de desespero: “Esta parece ser uma das épocas em que todas as nações são viradas de cabeça para baixo… estamos nos aproximando do fim do mundo.”
Imagem: Mozgova
Comprovação científica
Pesquisa publicada em 2011, que cruzou registros climáticos, agrícolas e históricos, confirmou a relação direta entre o resfriamento global e a sequência de crises do século XVII, reforçando a visão de que pressões ambientais prolongadas podem fragilizar sociedades complexas.
Com informações de Olhar Digital








