Brasília — O relatório final da Polícia Federal, tornado público na quarta-feira (20), reuniu trocas de mensagens no WhatsApp entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Os diálogos, extraídos do celular de Bolsonaro apreendido em 18 de julho de 2025, mostram insultos, desentendimentos e preocupação do filho com a influência do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Indiciamento por obstrução
A PF indiciou pai e filho por obstrução de investigação referente à suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo os investigadores, as conversas indicam articulação para pressionar autoridades e interferir na ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Tensões familiares e política interna
Entre 13 de junho e 17 de julho de 2025, Eduardo chamou o ex-presidente de “ingrato” e reclamou de declarações dadas por Bolsonaro ao portal Poder360, em 15 de julho, quando o ex-mandatário classificou o deputado de 41 anos como “não tão maduro”. Na réplica, o parlamentar escreveu: “VTNC seu ingrato do car****! Me f*dendo aqui!”. Em outro trecho, afirmou temer prejuízo a sua “suposta influência no exterior”.
O deputado ainda ironizou a eventual candidatura de Tarcísio ao Planalto. Em 24 de junho, sugeriu que seria “melhor ficar de fora” da disputa de 2026, porque o governador “dialoga muito bem” e poderia “anistiar geral”, avaliando que o STF “não seria óbice” para isso.
No dia 11 de julho, escreveu ao pai que Tarcísio “nunca te ajudou em nada no STF” e “sempre esteve de braço cruzado”. Disse também que, nos Estados Unidos, precisou rebater a ideia de que “Tarcísio = Bolsonaro”, tese que, segundo ele, tranquilizaria autoridades norte-americanas.
Após a série de queixas, Bolsonaro fez novo pronunciamento, desta vez elogiando o filho. Eduardo pediu desculpas, alegando que “estava p*** na hora”.

Imagem: Camila Abrão
Malafaia chama deputado de “babaca”
Áudios anexados ao relatório mostram o pastor Silas Malafaia criticando a postura de Eduardo sobre o “tarifaço” aplicado pelos Estados Unidos ao Brasil. Ele chamou o deputado de “babaca” por adotar discurso considerado “nacionalista” e disse que poderia “arrebentar” com um vídeo caso o parlamentar repetisse a conduta.
Apesar do desabafo, Malafaia reconheceu a atuação de Eduardo junto a assessores de Donald Trump e aconselhou Bolsonaro a parabenizar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que defendeu negociar uma “anistia” em troca da redução das tarifas. “A faca e o queijo estão na tua mão”, afirmou o pastor, segundo o documento.
Contexto — Para a Polícia Federal, as mensagens ilustram divergências pessoais, estratégias políticas e tentativas de coordenar ações que poderiam constranger autoridades envolvidas no processo sobre a suposta tentativa de golpe.
Com informações de Gazeta do Povo