Um clarão esverdeado que dura entre um e dois segundos pode surgir no exato instante em que o Sol cruza o horizonte. O chamado raio verde é um fenômeno óptico incomum, conhecido por astrônomos e navegadores, mas ainda motivo de surpresa para boa parte do público.
Como o raio verde se forma
À medida que o Sol se aproxima da linha do horizonte, a luz atravessa uma camada atmosférica mais espessa. Esse caminho alongado provoca refração diferenciada para cada comprimento de onda, separando as cores da mesma maneira que um prisma. Os tons de menor comprimento de onda — verde e azul — curvam-se mais do que vermelho e laranja. Como o azul se dispersa facilmente, o verde acaba se destacando na borda superior do disco solar, gerando o breve lampejo.
Atmosfera limpa e estável aumenta a intensidade do brilho, tornando-o visível a olho nu. Inversões térmicas e miragens podem reforçar o efeito, prolongando a duração do fenômeno ou alterando sua forma.
Condições ideais de observação
O horizonte precisa estar livre de obstáculos e neblina. Costeiras, altas montanhas, topos de nuvens e cabines de avião são pontos privilegiados, pois oferecem visibilidade ampla e ar menos poluído. Pilotos que voam rumo ao oeste relatam o evento com frequência, já que o pôr do sol aparenta acontecer mais lentamente nessa direção.
Quatro variações principais
Miragem inferior: ocorre quando a superfície está mais quente do que o ar logo acima. O disco solar fica achatado e o lampejo aparece junto ao nível do mar.
Miragem superior (mock-mirage): surge em cenário oposto, com camada fria rente ao solo e ar mais quente acima. O observador precisa estar acima dessa estrutura para ver uma lâmina verde fina.
Sub-duct: manifesta-se logo abaixo de um forte gradiente de temperatura, o ducto. O clarão pode durar até 15 segundos.
Imagem: Brocken Inaglrory Wikimedia
Raio verde propriamente dito: a forma mais espetacular, quando um feixe verde parece saltar verticalmente no instante final do pôr do sol. Depende de leve turbidez atmosférica que reflete o próprio brilho e cria uma coluna luminosa.
Presença na cultura
O fenômeno ganhou visibilidade literária em 1882, com o romance “O Raio Verde”, de Jules Verne, e voltou ao centro das atenções em 1986 no filme “Le Rayon Vert”, de Éric Rohmer. Ambos reforçam o fascínio popular por uma luz que, apesar de científica, ainda alimenta lendas sobre revelações ou presságios.
O raio verde pode ser observado em qualquer latitude, mas é mais fácil de registrar onde o horizonte é amplo e o ar, estável. Mesmo assim, sua aparição permanece rara, limitada a alguns segundos e dependente de condições atmosféricas muito específicas.
Com informações de Olhar Digital







