Brasília – Os Correios registraram déficit de R$ 6 bilhões entre janeiro e setembro de 2025, informou a estatal nesta sexta-feira (28). O valor é quase três vezes maior que o contabilizado em igual período de 2024, quando o prejuízo somou R$ 2,1 bilhões.
No primeiro semestre, o resultado negativo já acumulava R$ 4,3 bilhões. Apenas no terceiro trimestre, o prejuízo atingiu R$ 1,6 bilhão, ante R$ 785,5 milhões verificados de julho a setembro do ano passado.
Queda de receita e alta de custos
A companhia atribui o desempenho à diminuição da receita – sobretudo nos serviços internacionais – e ao avanço das despesas operacionais e financeiras. Entre os fatores que pressionaram os gastos estão encargos relacionados a dívidas e passivos judiciais.
A receita líquida de vendas e serviços caiu 12,7% nos nove primeiros meses de 2025, passando de R$ 14,1 bilhões para R$ 12,3 bilhões. No mesmo intervalo, as despesas gerais e administrativas cresceram de R$ 3,1 bilhões para R$ 4,8 bilhões.
Os dispêndios com precatórios e Requisições de Pequeno Valor (RPVs) dispararam de R$ 483,6 milhões em 2024 para R$ 2,1 bilhões em 2025, resultado do maior número de sentenças trabalhistas definitivas.
O custo dos serviços prestados também subiu, influenciado pelo reajuste salarial de 4,11% previsto no Acordo Coletivo 2024/2025 e pelos pagamentos vinculados ao Plano de Demissão Voluntária (PDV/2024).
Desafios operacionais
O relatório destaca que a obrigação de atender todos os municípios impõe rigidez de custos à estatal. Ao mesmo tempo, cresce a concorrência em áreas de maior rentabilidade, como logística, onde empresas privadas operam com estruturas mais flexíveis.
Plano de recuperação
Em setembro, o Conselho de Administração aprovou o economista Emmanoel Schmidt Rondon para a presidência dos Correios. O plano de reestruturação, avalizado em 21 de novembro, prevê a captação de até R$ 20 bilhões por meio de um consórcio de bancos até o fim deste mês e está dividido em três etapas:
Estabilização – foco na recuperação de liquidez e na sustentação das receitas;
Reorganização e modernização (2026-2027) – aumento de receitas, corte de despesas estruturais, reorganização de unidades, modernização de sistemas e redução do déficit do Postal Saúde;
Crescimento (a partir de 2027) – parcerias estratégicas, adoção de tecnologias de ponta e fortalecimento da atuação no mercado logístico.
Em 2024, a empresa já havia registrado prejuízo de R$ 2,6 bilhões, quatro vezes superior ao resultado de 2023, sinalizando a deterioração que agora se aprofunda.
Com informações de Gazeta do Povo







