Um estudo conduzido pela Dra. Iliana Depounti, da Universidade de Loughborough, e pela professora Simone Natale, da Universidade de Turim, detalha como assistentes virtuais e outros sistemas de inteligência artificial são desenvolvidos para imitar empatia e, assim, manter o usuário conectado. A pesquisa, divulgada em 13 de novembro de 2025, denomina esse fenômeno de “sociabilidade artificial”.
Como a empatia é produzida
Segundo as autoras, empresas de tecnologia ajustam cuidadosamente o tom de voz, as respostas e até a personalidade dos bots para criar a sensação de intimidade. Exemplos citados incluem o DJ de IA do Spotify, que conversa com uma voz calorosa, e aplicativos como Replika e Character.AI, que prometem relações de amizade digital. Até mesmo o ChatGPT adota estratégias semelhantes ao se referir a si próprio como “eu” e utilizar abordagens empáticas ou de autoridade durante a conversa.
Riscos apontados pelo estudo
A simulação convincente de sentimentos pode dificultar a distinção entre interações humanas e artificiais, alertam Depounti e Natale. Entre as consequências listadas estão:
- perda da noção do que é genuinamente humano;
- manipulação emocional dos usuários;
- coleta de dados pessoais, usados para treinar novas IAs;
- reforço de desigualdades e vieses sociais.
Trabalho emocional e impacto ambiental
As pesquisadoras ressaltam que, ao conversar com chatbots, o público fornece gratuitamente padrões linguísticos e emocionais que servem de insumo para aprimorar futuros modelos. Esse “trabalho emocional não remunerado” ocorre sem que muitos usuários percebam.
Além disso, a infraestrutura necessária para operar esses sistemas consome grandes quantidades de energia e água. O estudo afirma que o avanço da sociabilidade artificial implica custos econômicos e ambientais significativos, consequência da corrida corporativa pela inteligência artificial.
Imagem: quantic
No fim, Depounti e Natale alertam que a comunicação humana está se transformando em ativo corporativo: quanto mais tempo o usuário permanece engajado, maior o retorno para as empresas que controlam as plataformas.
Com informações de Olhar Digital








