Brasília — Senadores de oposição divulgaram nesta terça-feira, 9 de setembro de 2025, um laudo pericial que aponta indícios de fraude processual em uma decisão assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O documento foi encomendado por um jornalista e elaborado pelos especialistas em documentoscopia digital Reginaldo Tirotti e Jaqueline Tirotti. Segundo a perícia, a sentença investigada teria sido criada seis dias após a data registrada no próprio arquivo.
Metadados indicariam divergência de datas
A análise concentrou-se na decisão que autorizou uma operação da Polícia Federal contra um grupo de empresários em agosto de 2022. Embora a peça esteja datada de 19 de agosto daquele ano, os peritos afirmam que o arquivo em Word foi compilado em 29 de agosto de 2022.
O laudo também destaca a ausência de assinatura digital e sustenta que a rubrica do delegado Fábio Schor seria um “transplante de assinatura”, sem conferência de autoria.
Divulgação no Congresso
Em coletiva de imprensa no Congresso Nacional, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) leu trechos do parecer:
“A perícia comprova, pelos metadados do documento, que a sentença foi criada e modificada no mesmo dia, seis dias depois da data declarada”, declarou o parlamentar, classificando o caso como “escândalo”.
Denúncias de ex-assessor
O pedido de perícia surgiu após depoimento do ex-assessor de Moraes, Eduardo Tagliaferro, na semana passada no Senado. Ele acusou o ministro de manipular investigações, fraudar processos e atuar em conluio com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Reação do gabinete de Moraes
Em nota, o gabinete de Alexandre de Moraes negou qualquer irregularidade. O comunicado afirma que todos os atos mencionados foram conduzidos de forma regular e estão devidamente registrados nos autos.

Imagem: Ana Carolina Curvello
Pedidos de investigação e suspensão de julgamento
Flávio Bolsonaro informou que senadores e deputados enviarão ofícios a todos os ministros do STF para que tomem conhecimento do laudo, solicitem abertura de investigação e suspendam o julgamento que discute a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus por tentativa de golpe de Estado.
Outras denúncias apresentadas por Tagliaferro ainda estão sob análise pericial. Parlamentares da oposição avaliam usá-las para embasar novos pedidos de impeachment contra Moraes e a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) batizada de “Vaza Toga”.
O líder do partido Novo na Câmara, Marcel Van Hattem, defendeu a apuração: “É urgente investigar todos esses abusos e punir quem os cometeu para pacificar o país”.
A reportagem procurou o STF para comentar o caso; até o fechamento desta edição, não houve novo posicionamento além da nota já divulgada pelo gabinete do ministro.
Com informações de Gazeta do Povo