Dois satélites de Plutão — Nix e Hidra — podem ter se formado a partir de material arrancado de Caronte, a maior lua do planeta anão. A conclusão é de um estudo que utilizou observações do Telescópio Espacial James Webb (JWST) e foi apresentado em julho durante a conferência “Progresso na Compreensão de Plutão: 10 Anos Após o Sobrevoo”, em Maryland (EUA).
Como o sistema teria nascido
Os pesquisadores defendem que o sistema Plutão-Caronte resultou de uma colisão entre dois corpos de grande porte há bilhões de anos. O impacto teria liberado fragmentos do interior de Caronte, formando um disco de detritos que, mais tarde, se aglutinou nos quatro satélites menores: Nix, Hidra, Cérbero e Estige.
Diferenças reveladas pelo James Webb
Ao comparar a luz refletida por vários objetos transnetunianos, o JWST mostrou que Nix e Hidra não seguem o padrão espectral típico do Cinturão de Kuiper. Segundo Brian Holler, cientista do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial (STScI) e autor principal da pesquisa, as duas luas apresentam superfícies com tonalidade avermelhada, possivelmente ricas em carbono, que lembram mais o interior de Caronte do que outros corpos da região.
Material pode estar retornando a Caronte
O estudo sugere ainda que impactos de meteoritos em Nix e Hidra ejectam poeira que, graças à baixa gravidade desses satélites, pode escapar e ser atraída novamente por Caronte. Esse processo explicaria a presença de camadas que remetem ao material original do proto-Caronte em sua superfície atual.
Dados da New Horizons e novos próximos passos
Informações coletadas pela sonda New Horizons em 2015 já indicavam formas irregulares e composição incomum em Nix e Hidra, hipótese reforçada agora pelo Webb. Os cientistas pretendem realizar observações espectroscópicas mais detalhadas para checar a presença de substâncias como amônia, cuja origem ainda é incerta nessas pequenas luas.

Imagem: Elliptic Studio Shutterstock
Compreender a formação de Nix e Hidra pode oferecer pistas sobre outros sistemas semelhantes no Cinturão de Kuiper, onde choques entre corpos gelados podem ter criado satélites de características análogas.
Com informações de Olhar Digital