Juscelino Filho deixa o governo após ser denunciado por suspeita de desvio de verbas públicas, tornando-se o oitavo ministro a sair da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A saída foi confirmada nesta terça-feira (8) e amplia a lista de mudanças na Esplanada dos Ministérios desde o início do atual mandato.
A gestão de Lula, que conta com 38 ministérios — sendo 10 ocupados por mulheres —, tem enfrentado substituições motivadas por denúncias, ajustes políticos e negociações com o centrão. No caso de Juscelino, o motivo foi a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), relacionada ao suposto desvio de recursos da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), quando ele ainda era deputado federal.
Segundo investigação da Polícia Federal, o ex-ministro das Comunicações teria atuado para favorecer uma empreiteira associada a um possível cartel envolvido em fraudes. As verbas desviadas teriam origem em emendas parlamentares indicadas por Juscelino durante seu mandato legislativo. A defesa nega todas as acusações.
Com a saída de Juscelino Filho, o governo Lula acumula oito mudanças ministeriais em pouco mais de um ano. As trocas ocorreram por diferentes razões, incluindo escândalos, reformulações políticas e decisões estratégicas do próprio presidente.
Veja quem são os ministros que deixaram o governo Lula:
- Gonçalves Dias (GSI) – Saiu em abril de 2023, após ser flagrado em imagens do circuito interno do Palácio do Planalto no dia dos ataques de 8 de janeiro.
- Daniela Carneiro (Turismo) – Deixou o cargo em julho de 2023 após disputas dentro do União Brasil.
- Ana Moser (Esporte) – Demitida para ceder espaço ao centrão; o Ministério passou ao comando do PP.
- Márcio França (Portos e Aeroportos) – Foi transferido para o recém-criado Ministério do Empreendedorismo.
- Flávio Dino (Justiça) – Saiu em fevereiro de 2024 para assumir uma cadeira no STF.
- Sílvio Almeida (Direitos Humanos) – Demitido após denúncias de assédio sexual, em setembro de 2024.
- Paulo Pimenta (Secom) – Deixou o governo em janeiro de 2025 após críticas à condução da comunicação.
- Juscelino Filho (Comunicações) – Pediu demissão após ser denunciado por suposto desvio de verbas públicas.
O episódio mais recente, envolvendo Juscelino, chama atenção por ser o primeiro caso na atual gestão em que a saída do ministro ocorre após denúncia formal da PGR por corrupção. A denúncia foi encaminhada ao ministro do STF Flávio Dino, ex-colega de Esplanada do acusado, que agora atua como relator do caso na Suprema Corte.
A movimentação ocorre em meio a um momento delicado para o Planalto, que tenta manter a estabilidade política enquanto articula pautas importantes com o Congresso. O envolvimento de Juscelino em suspeitas de favorecimento a empreiteiras pode ter impacto direto na imagem do governo, principalmente diante de cobranças por mais rigor ético na ocupação de cargos públicos.
Além disso, a saída do ministro das Comunicações reacende o debate sobre os critérios adotados para a escolha de integrantes do primeiro escalão e o equilíbrio entre alianças políticas e requisitos técnicos.
A nova vaga aberta deve ser preenchida nos próximos dias, e a expectativa é que o substituto de Juscelino também pertença ao União Brasil, mantendo o acordo de repartição de espaços com o centrão. Ainda não há definição oficial sobre o novo nome.
Enquanto isso, outros ministérios podem seguir no radar para ajustes, à medida que Lula busca fortalecer a governabilidade e conter eventuais desgastes. Integrantes do Planalto indicam que a próxima reforma ministerial, se ocorrer, deve focar no desempenho das pastas e na fidelidade dos partidos aliados.
Conclusão:
A saída de Juscelino Filho marca a oitava mudança ministerial no governo Lula e destaca os desafios de manter estabilidade política em meio a escândalos e negociações partidárias. A denúncia da PGR lança novos questionamentos sobre a integridade de integrantes do governo e pode influenciar futuros arranjos na Esplanada. Com o cargo vago, o Planalto deve se movimentar rapidamente para indicar um sucessor e preservar o apoio do União Brasil, partido-chave na articulação do Executivo com o Congresso.