A Intel comunicou aos investidores que a entrada do governo dos Estados Unidos em seu capital pode provocar efeitos negativos relevantes sobre o negócio. O alerta foi encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) depois de o presidente Donald Trump anunciar, na semana passada, que o Departamento de Comércio passou a deter 10% das ações da fabricante de chips, porcentual que pode subir para 15% se a empresa não mantiver 51% de suas fábricas em território norte-americano.
No documento, a companhia listou possíveis consequências, como redução das vendas internacionais, disputas judiciais e reações adversas de governos estrangeiros, parceiros comerciais, investidores e funcionários. A Intel também reconheceu que a operação diluirá o valor dos papéis já existentes, pois as novas ações foram emitidas ao governo com desconto.
Receitas internacionais sob ameaça
Segundo a empresa, 76% da sua receita vêm de fora dos Estados Unidos, o que amplia o risco de retaliações de outros países diante da participação acionária norte-americana. A Casa Branca sustenta que a iniciativa é uma estratégia de segurança nacional, argumentando que poucas companhias no mundo dominam a produção de chips avançados e que a dependência da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), situada próximo à China, representa vulnerabilidade em caso de conflito ou desastre.
Reações políticas
Críticos à medida incluem o senador Rand Paul, que classificou a decisão como “uma ideia terrível”, e o governador da Califórnia, Gavin Newsom, que afirmou que o país se transformava na “república socialista da América”.
Declarações de Trump
Em postagem na rede social Truth Social, Trump declarou ter pago “zero” por ações avaliadas em cerca de US$ 11 bilhões e disse que pretende repetir operações semelhantes “o dia todo” para fortalecer a economia norte-americana.
A Intel informou que a transação deve ser concluída nesta terça-feira, 25 de agosto, observando não existir precedente comparável para a participação tão expressiva do governo em uma empresa privada do setor.
Com informações de Olhar Digital