O esforço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para emplacar o advogado-geral da União, Jorge Messias, em uma cadeira do Supremo Tribunal Federal (STF) provocou atrito público com o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e pautou o debate político desta terça-feira (2).
Embate pela vaga no Supremo
Lula intensificou articulações para assegurar o nome de Messias ao tribunal, movimento que encontrou resistência de Alcolumbre, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, responsável por sabatinar o indicado. Para tentar reduzir a tensão, o presidente reuniu-se com o relator da indicação. Parlamentares próximos ao Planalto, como o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), comentaram a disputa, enquanto a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, criticou a postura do senador. O ministro da Justiça, Flávio Dino, declarou que prefere manter silêncio sobre o tema por considerá-lo “politicamente controvertido”.
Processos contra Bolsonaro e aliados avançam
No STF, seguem os desdobramentos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores. O ministro Alexandre de Moraes autorizou visita de 30 minutos da filha Laura Bolsonaro ao pai e analisará pedido da defesa por atendimento com cardiologista e fisioterapeuta. Entre outras ações:
- a defesa do general Walter Braga Netto recorreu ao plenário para tentar reverter decisão de Moraes;
- Moraes determinou perícia médica no general Augusto Heleno e citou contradições em laudos apresentados;
- foi protocolada ação que busca cassar os benefícios de Bolsonaro como ex-chefe de Estado;
- juristas avaliam revisão criminal no STF como alternativa à anistia, considerada “travada”.
Pauta da segurança pública avança no Congresso
A discussão sobre segurança recebeu novo impulso. Na Câmara, o relator do Projeto de Lei Antifacção manteve aumento de penas e ampliou verbas para polícias. A PEC da Segurança Pública deve avançar ainda esta semana, segundo o deputado Sandro Motta (Republicanos-MA). Além disso, a Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, propôs criação de nova guarda civil para reduzir o uso das Forças Armadas em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Articulações partidárias e clima econômico
O governo enfrenta desgaste em meio ao temor de piora econômica às vésperas do ano eleitoral de 2026. Em cadeia nacional, Lula defendeu combater “privilégios de poucos”. No campo das alianças, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, afirmou que o governador paulista Tarcísio de Freitas erra ao não se afastar de Bolsonaro. À direita, Michelle Bolsonaro rejeitou eventual apoio a Ciro Gomes (PDT), gerando resposta do deputado André Fernandes (PL-CE). Já o deputado Capitão Derrite (PL-SP) deixou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para reassumir mandato na Câmara.
Outros fatos do dia
- O Tribunal Superior Eleitoral iniciou testes de vulnerabilidade das urnas que serão usadas em 2026;
- a apreensão do celular do dono do Banco Master provocou preocupação em Brasília sobre lobby e bastidores do poder;
- a Câmara cortou o salário do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) após decisão do STF; ele afirmou que eventual extradição dependeria de juiz nos EUA.
A movimentação intensa no Judiciário e no Congresso reforça o clima de incerteza política enquanto o Palácio do Planalto busca consolidar apoio para a indicação de Jorge Messias ao Supremo.
Com informações de Gazeta do Povo







