A crescente frequência de desastres naturais provocados pelas mudanças climáticas expõe a cadeia de suprimentos da indústria farmacêutica a riscos que podem comprometer a produção e a distribuição de medicamentos em todo o território dos Estados Unidos.
Estudo de Harvard mapeia fábricas sob ameaça
Pesquisadores da Universidade Harvard cruzaram dados da Food and Drug Administration (FDA) sobre 10.548 instalações ativas, entre 2019 e 2024, com registros de furacões, tempestades, tornados, incêndios e inundações. O levantamento apontou que 6.819 locais (63%) sofreram ao menos um evento climático extremo no período, enquanto 2.146 fábricas (33%) enfrentaram um episódio por ano.
Os autores alertam que um terço da infraestrutura farmacêutica do país permanece vulnerável, situação agravada quando uma única empresa responde por até 60% do fornecimento de determinado medicamento.
Escassez após furacões expõe fragilidades
Outra análise, conduzida pela Sociedade Americana do Câncer, avaliou 11 mil unidades de produção no mesmo intervalo de tempo e chegou a conclusões semelhantes. Segundo a pesquisadora sênior Letícia Nogueira, furacões foram o tipo de desastre mais recorrente. Os fenômenos que atingiram Porto Rico em 2017 e a Carolina do Norte em 2024, por exemplo, provocaram falta nacional de fluidos intravenosos.
Além de danificar instalações responsáveis pela fabricação de ingredientes ativos e pelo envase final, esses eventos ampliam o risco de atrasos, já que as fábricas precisam ser reinspecionadas pela FDA antes de retomar operações.

Imagem: Freepik
Setor busca maior resiliência
Para reduzir futuras interrupções no abastecimento, empresas vêm investindo em redução de emissões, práticas sustentáveis e rotas logísticas alternativas. Especialistas defendem ainda maior transparência na cadeia de suprimentos e planejamento estratégico de produção para minimizar impactos à assistência médica.
Embora os esforços existam, os estudos indicam que a cadeia farmacêutica continua exposta aos efeitos de um clima cada vez mais imprevisível, o que pode limitar o acesso de milhões de pacientes a medicamentos essenciais.
Com informações de Olhar Digital