Brasília – O senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou acreditar que o Congresso Nacional dispõe de ambiente favorável para aprovar uma anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. A declaração foi dada em entrevista publicada nesta sexta-feira (5) pela Folha de S.Paulo, na qual o parlamentar citou a recente manifestação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, como fator decisivo.
De acordo com Nogueira, ao dizer que, após as decisões judiciais, a anistia passa a ser “uma questão política”, Barroso abriu espaço para a tramitação do projeto que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Dizer que a anistia é uma decisão política é muito forte”, ressaltou o senador.
Pressão pela votação da proposta
A possibilidade de anistia ganhou força depois do início do julgamento de Bolsonaro no STF, acusado de liderar tentativa de golpe após as eleições de 2022. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defensor da medida, reuniu-se nesta semana com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para pedir que o texto seja pautado no plenário.
Nogueira disse que Motta se mostrou “mais aberto” a colocar o tema em votação e assegurou que já há votos suficientes para aprovar a proposta, “quase por unanimidade”. Ele minimizou a chance de atritos com o Judiciário: “Temos todo respeito ao Supremo. O STF também tem que ter respeito pelo Congresso. Legislar é atribuição nossa”.
Preocupação com a saúde de Bolsonaro
O senador argumenta que eventual prisão de Bolsonaro poderia agravar as complicações de saúde que o ex-presidente enfrenta desde a facada sofrida em 2018. Segundo ele, a anistia seria “decisiva” para o futuro político e pessoal do ex-mandatário.
Sucessão de 2026
Nogueira admitiu que a inelegibilidade de Bolsonaro dificilmente será revertida. O ex-presidente, diz o senador, estaria disposto a indicar um sucessor para a disputa de 2026. Entre os nomes cogitados, o governador Tarcísio de Freitas é apontado como favorito, desde que conte com o apoio de Bolsonaro. “O que mais credencia o Tarcísio é a chance de vitória”, afirmou.
Ele acrescentou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara uma “porta de saída” para não concorrer à reeleição caso não esteja em boas condições de saúde. Sobre a eventual candidatura de um dos filhos de Bolsonaro, Nogueira acredita que a família seguirá a decisão do ex-presidente, ainda que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tenha sinalizado interesse em disputar o Planalto, até mesmo por outro partido.
Com informações de Gazeta do Povo