Pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF) demonstraram que o cérebro consegue identificar o início e o fim das palavras apenas em idiomas familiares graças ao giro temporal superior (GTS), área conhecida pelo processamento de sons básicos. As conclusões constam em dois estudos publicados nas revistas Nature e Neuron.
Como a pesquisa foi conduzida
No trabalho divulgado na Nature, voluntários submetidos a monitoramento cerebral para tratamento de epilepsia ouviram frases em inglês, espanhol e mandarim. Alguns participantes dominavam essas línguas; outros, não.
Os registros mostraram duas respostas distintas:
- em idiomas conhecidos, neurônios especializados no GTS dispararam imediatamente;
- em idiomas desconhecidos, quase não houve ativação relevante.
Modelos de aprendizado de máquina confirmaram a correlação direta entre familiaridade linguística e atividade neuronal, segundo a primeira autora, Ilina Bhaya-Grosmman.
“Reinicialização” a cada palavra
O segundo estudo, publicado na Neuron, focou no ritmo acelerado da fala. Os pesquisadores observaram que o cérebro reorganiza seu padrão de disparo quase instantaneamente toda vez que reconhece uma palavra, como se fizesse uma breve “reinicialização” antes de processar a próxima, explicou o coautor Matthew Leonard.
Imagem: Internet
Implicações
De acordo com o chefe de Neurologia da UCSF, Edward Chang, os resultados indicam que compreender a fala depende do correto funcionamento desse circuito especializado. Lesões na região podem prejudicar a compreensão mesmo quando a audição permanece intacta.
Os trabalhos também ajudam a esclarecer por que ouvir um idioma novo soa como um “borrão”: sem a experiência auditiva acumulada, o cérebro não reconhece os padrões sonoros que marcam as fronteiras das palavras.
Com informações de Olhar Digital








