Brasília, 5 de dezembro de 2025 – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) confirmou nesta sexta-feira (5) que foi escolhido pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, para disputar o Palácio do Planalto em 2026. O anúncio mobilizou a ala fiel ao ex-mandatário, mas evidenciou divergências entre partidos do Centrão e setores do próprio PL.
Reação imediata da base bolsonarista
Parlamentares próximos a Jair Bolsonaro declararam apoio público ao nome de Flávio. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que “Bolsonaro falou, está falado”, sinalizando que a legenda deverá endossar o senador. Na Câmara, deputados como Mario Frias (PL-RJ), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Luciano Zucco (PL-RS) defenderam a rápida unificação da direita em torno do herdeiro político do ex-presidente. No Senado, o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), prometeu trabalhar pela candidatura.
Outros nomes da bancada — entre eles Gustavo Gayer (PL-GO), Rodolfo Nogueira (PL-MS), Sanderson (PL-RS) e Coronel Tadeu (PL-SP) — declararam que a escolha representa a continuidade do projeto iniciado em 2018.
Centrão prefere Tarcísio ou Ratinho Junior
Líderes de PP, PSD, União Brasil e Republicanos avaliam que Flávio não tem densidade eleitoral suficiente para unificar o bloco. O presidente do PP, Ciro Nogueira, declarou ao portal Poder360 que somente o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) ou o governador Ratinho Junior (PSD-PR) conseguiriam reunir centro e direita.
O presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, divulgou nota defendendo um projeto “sério e responsável” fora da lógica da polarização, enquanto dirigentes de PSD e Republicanos reiteraram, sob reserva, que aguardam cenário mais definido.
Para evitar atritos, Flávio viajou a São Paulo nos dias 1.º e 4 de dezembro e comunicou pessoalmente a decisão a Tarcísio, considerado por analistas o nome mais competitivo do campo conservador.
Reação do governo e do mercado
Integrantes da base governista reagiram com ironia. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que “nada de novo” foi apresentado e que o PT está preparado para o embate. Já o líder do partido, Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que o movimento busca manter o protagonismo bolsonarista, não ameaçar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Imagem: Lula Marques
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Ricardo Cappelli (PSB), questionou a força eleitoral do Centrão e alertou para fatores externos, como segurança pública e eventual influência de Donald Trump nas redes sociais.
O mercado financeiro reagiu negativamente ao anúncio. O Ibovespa encerrou o pregão em queda de 4,31%, maior recuo desde fevereiro de 2021, enquanto o dólar subiu 2,31%, fechando a R$ 5,43. Analistas atribuíram o movimento à percepção de que uma candidatura ligada diretamente ao ex-presidente gera maior incerteza econômica. O especialista em gestão pública Anderson Nunes avaliou que Tarcísio segue favorito caso decida entrar na disputa.
Próximos passos
No PL, uma ala defendia a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como vice “imbatível”, mas Jair Bolsonaro reforçou que prefere o filho como principal sucessor político. Caberá agora aos partidos que orbitam o campo conservador definir se aderem ou não ao projeto liderado pelo senador fluminense.
A confirmação da candidatura ocorre em meio à inelegibilidade de Jair Bolsonaro, decidida pelo STF e pelo TSE, e à reorganização de forças à direita para enfrentar Lula em 2026.
Com informações de Gazeta do Povo







