A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) vai priorizar a análise de substâncias usadas na refrigeração de data centers, política impulsionada pelo governo Donald Trump para fortalecer a produção tecnológica no país. A medida encurta o caminho de compostos que incluem os chamados “químicos eternos” (PFAS), associados a riscos de câncer, problemas reprodutivos e supressão imunológica.
Quem ganha com o novo rito
O procedimento acelerado atende, sobretudo, fabricantes de semicondutores e empresas de resfriamento de grandes servidores. Segundo a EPA, terão tratamento preferencial os projetos que:
- acrescentem pelo menos 100 MW à rede elétrica;
- sirvam à segurança nacional;
- sejam considerados estratégicos pelos Departamentos de Defesa, Comércio ou Energia.
A secretária de imprensa da agência, Brigit Hirsch, afirma que “nenhuma etapa científica será pulada”, mesmo com a redução de prazos.
Imersão bifásica: economia de energia, preocupação ambiental
Entre as tecnologias em análise está o resfriamento por imersão bifásica, no qual racks de servidores são submersos em líquidos que não conduzem eletricidade. O método promete cortar até 90 % do consumo energético ao dispensar ventiladores e bombas. Parte desses fluidos, porém, contém flúor e carbono — elementos dos PFAS, conhecidos pela persistência no ambiente.
Walter Leclerc, consultor em saúde e segurança de data centers, reconhece a eficiência da técnica, mas lembra que “todos os impactos ambientais dos líquidos de resfriamento precisam ser considerados”.
Imagem: snackbrain
Pressão da indústria de chips
A fabricação de semicondutores, indispensável ao funcionamento de data centers, também depende de substâncias persistentes, especialmente na fotolitografia. Gary Schweer, ex-chefe de gerenciamento de novos produtos químicos da EPA, avalia que o setor busca “o mínimo de restrições possível”. O advogado Jonathan Kalmuss-Katz, da organização Earthjustice, reforça que a combinação de demanda por inteligência artificial, expansão de servidores e produção de chips amplia a pressão política sobre a agência reguladora.
Com o novo rito, o debate permanece: até que ponto acelerar a liberação de químicos sustenta a competitividade tecnológica sem comprometer a saúde pública e o meio ambiente?
Com informações de Olhar Digital








