A vereadora Professora Angela (PSOL) é alvo de um pedido de cassação na Câmara Municipal de Curitiba após a distribuição de uma cartilha com orientações de “uso seguro” de drogas durante uma audiência pública realizada na semana passada.
O encontro, promovido pela parlamentar na sede do Legislativo da capital paranaense, tinha como pauta oficial o debate sobre estratégias de segurança no combate ao tráfico e à violência urbana. No entanto, o material entregue aos participantes trazia recomendações sobre consumo de LSD, crack e cogumelos alucinógenos, sugerindo, por exemplo, que o usuário “comece por pequenas quantidades”.
Durante a audiência, Angela elogiou a publicação: “A nossa cartilha está linda”, disse, acrescentando que “é preciso coragem para colocá-la aqui dentro”. A vereadora classificou o debate como “riquíssimo”, com participação de especialistas, ativistas e movimentos sociais críticos ao proibicionismo.
A repercussão foi imediata. Dez vereadores se manifestaram contra o conteúdo. Da Costa (União) protocolou a representação por quebra de decoro, alegando que a vereadora usou a estrutura da Casa para “promoção ideológica da legalização de drogas” e omitiu o real objetivo do evento ao solicitar sua realização. O parlamentar também enviou o caso ao Ministério Público.
Para a vereadora Delegada Tathiana Guzella (União), houve crime dentro do Legislativo e risco de violação de tratados internacionais. Sidnei Toaldo (PRD) relatou ter recebido mensagens de eleitores indignados, apontando possíveis danos à saúde pública.
O líder do governo na Câmara, Serginho do Posto (PSD), afirmou que a Prefeitura de Curitiba não participou nem endossa o conteúdo apresentado. Já o presidente da Casa, Tico Kuzma (PSD), declarou que a audiência pública é instrumento legítimo de participação popular, mas que “excessos não têm aval do Legislativo”. Em nota, a Mesa Diretora informou que não compactua com qualquer iniciativa que possa configurar apologia ao uso de entorpecentes.

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Angela, por sua vez, atribuiu o pedido de cassação a uma “perseguição da extrema-direita” contra seu mandato. Em publicação nas redes sociais, datada de 6 de agosto de 2025, a vereadora reforçou a defesa de uma “nova política de drogas” e do “fim da guerra aos pobres”.
O processo por quebra de decoro segue agora para análise da Comissão de Ética da Câmara.
Com informações de Revista Oeste