Os Estados Unidos, terceiro maior destino das exportações do agronegócio brasileiro — atrás apenas da China e da União Europeia —, passaram a cobrar novas tarifas de importação sobre diversos produtos do Brasil na última quarta-feira, 6. Produtores estimam que a medida pode provocar perdas de até US$ 6 bilhões caso as vendas ao mercado norte-americano diminuam.
Em artigo para a Revista Oeste, o empresário e comentarista Eduardo Berbigier atribui o aumento das tarifas a um desgaste diplomático entre Brasília e Washington. Ele argumenta que, diferentemente de outros países que buscaram negociar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o governo brasileiro “abdicou de seu papel estratégico” ao não recorrer a uma negociação formal.
Críticas à postura do governo brasileiro
Berbigier afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não parabenizou Trump após a eleição de novembro, enviando apenas um comunicado ao Departamento de Estado. Segundo o articulista, essa atitude, somada a gestos de aproximação com China e Rússia e ao debate sobre uma moeda dos Brics, teria irritado a Casa Branca e contribuído para o chamado “tarifaço”.
O comentarista também acredita que, no curto prazo, produtos como café dificilmente terão as sobretaxas revertidas, porque a equipe econômica norte-americana teria incluído itens prioritários para obter ganhos imediatos para a própria economia.
Risco de efeito dominó
Para o agronegócio brasileiro, a principal preocupação é a perda de competitividade nos Estados Unidos. Berbigier alerta para a possibilidade de cancelamento de contratos, retração de produção e perda definitiva de espaço naquele mercado, caso não haja uma ação “rápida e coordenada” em áreas como câmbio, tributação e comércio exterior.
Alguns Estados anunciaram linhas de crédito subsidiadas e antecipação de créditos acumulados de ICMS, mas o articulista observa que esses incentivos, se concedidos de forma isolada, podem ser enquadrados pela Receita Federal como subvenções proibidas. Isso elevaria a carga de Imposto de Renda (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), reduzindo o efeito das medidas de socorro.
Berbigier defende a integração de programas como Reintegra e Drawback para evitar questionamentos fiscais e garantir alívio real aos exportadores. Sem essa coordenação, conclui, o setor corre o risco de um efeito cascata que afetaria toda a cadeia produtiva.
Com informações de Revista Oeste