Lançada em 7 de outubro de 2024, a missão Hera, da Agência Espacial Europeia (ESA), realizou em março de 2025 uma passagem por Marte para ganhar impulso gravitacional rumo ao seu destino final: o sistema binário formado pelos asteroides Didymos e Dimorphos. Durante a manobra, a nave aproveitou para testar a Câmera de Enquadramento de Asteroide (AFC) em pleno Cinturão de Asteroides, obtendo as primeiras imagens de duas rochas espaciais.
Dois alvos no cinturão
Os asteroides fotografados foram (1126) Otero e (18805) Kellyday. O primeiro teste ocorreu em 11 de maio, quando Otero — descoberto em 1929 pelo astrônomo Karl Reinmuth e classificado como raro tipo A — foi acompanhado por três horas. Mesmo a cerca de três milhões de quilômetros, a AFC registrou o movimento do objeto contra o fundo de estrelas, com capturas a cada seis minutos.
Em 19 de julho, a equipe apontou a câmera para Kellyday, nome dado em homenagem à estudante norte-americana Kelly Jean Day. O alvo era 40 vezes mais difícil de detectar que Otero, exigindo o máximo da sensibilidade dos sensores. Ainda assim, a sonda conseguiu registrá-lo, comprovando a capacidade de localizar corpos celestes pouco luminosos.
Preparação para a defesa planetária
Segundo o engenheiro de dinâmica de voo Giacomo Moresco, o período de cruzeiro tem sido usado para ensaiar procedimentos que serão aplicados na aproximação a Didymos e Dimorphos. A experiência também demonstra operações ágeis que poderão ser úteis em futuras estratégias de defesa planetária.
Didymos e Dimorphos tornaram-se alvos de interesse após a colisão da sonda DART, da NASA, em 2022, que alterou a órbita de Dimorphos. A Hera deve chegar ao sistema no fim de 2026 para avaliar in loco os efeitos do impacto, medindo a cratera, a massa e a estrutura interna do asteroide. Os dados ajudarão a validar o método de desvio de trajetória testado pela DART caso, um dia, seja necessário proteger a Terra de uma possível ameaça.

Imagem: ESA-Science Office via olhardigital.com.br
Novas possibilidades
Com o sucesso das primeiras imagens, os controladores agora sabem reorientar a nave e programar observações rápidas. Isso abre caminho para monitorar asteroides recém-descobertos que possam representar risco ao planeta e, eventualmente, acompanhar objetos interestelares que entrem repentinamente no Sistema Solar.
Se o cronograma for mantido, a Hera terá seis meses de operações científicas intensas a partir de dezembro de 2026, documentando detalhadamente o par Didymos–Dimorphos e contribuindo para o avanço das técnicas de defesa planetária.
Com informações de Olhar Digital