Pesquisadores do Temple Mount Sifting Project identificaram em Jerusalém um selo de argila datado do período do Primeiro Templo (séculos VII-VI a.C.) que traz, em escrita paleo-hebraica, a inscrição: “Pertence a Yed[a]yah (filho de) Asayahu”. O achado é raríssimo: em mais de duas décadas de escavações, esta é apenas a segunda peça com texto quase completo encontrada pela equipe.
Inscrição confirma nome citado na Bíblia
O nome Asayahu (ou Asaías) aparece em passagens bíblicas ligadas ao rei Josias, que governou Judá no século VII a.C. Os versículos II Crônicas 34:20 e II Reis 22:12 mencionam um servo do monarca com esse nome. No selo, o sufixo “yahu” indica relação com Deus (YHWH), forma comum em nomes hebraicos da época.
Autenticidade validada
De acordo com o arqueólogo Zachi Dvira, codiretor do projeto ao lado do Dr. Gabriel Barkay, a autenticidade foi confirmada pela especialista em escrita antiga Dra. Anat Mendel-Geberovich. A divulgação foi acelerada pela proximidade de Tisha B’Av, data de luto judaico que recorda a destruição dos Primeiros e Segundos Templos.
Origem do material
O Monte do Templo, local sagrado para judeus e muçulmanos, não permite escavações convencionais. Por isso, o projeto analisa cerca de 9 mil toneladas de terra retiradas de forma não autorizada durante obras da Waqf nos anos 1990. Desde 2005, mais de 260 mil voluntários peneiraram esse material, encontrando moedas, joias, ossos e outros selos.
Função do selo
No período do Primeiro Templo, bulas como esta eram usadas para lacrar documentos, portas ou vasos. “O proprietário era um administrador do Monte do Templo, mas não sabemos se servia ao tesouro real ou ao templo”, explicou Dvira.

Imagem: Temple Mount Sifting Project via olhardigital.com.br
Análise tecnológica
O artefato foi localizado em um recipiente com ossos pelo arqueólogo Mordechai Ehrlich e examinado por meio de fotografia digital avançada (Reflectance Transformation Imaging – RTI), técnica que ressaltou detalhes da inscrição.
Apesar da redução no número de visitantes provocada pela guerra em Gaza, o trabalho de triagem continua. A equipe espera o retorno de voluntários internacionais em 2026.
Com informações de Olhar Digital