Rio de Janeiro, 11 de agosto de 2025 – Começou a operar em fase de testes a Rio Quântica, primeira rede brasileira de comunicação baseada em criptografia quântica. O sistema, desenvolvido desde 2021, pretende assegurar troca de dados ultrassegura entre cinco instituições da região metropolitana.
Conexões por fibra e laser
Hoje, cerca de 21 km de fibra óptica unem a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Em breve, o Instituto Militar de Engenharia (IME) também entrará no circuito.
Um enlace aéreo por laser verde cruza a Baía de Guanabara para conectar o Instituto de Física da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, ao CBPF, no bairro da Urca. Outro feixe similar será instalado entre CBPF e IME.
Ajustes em andamento
A transmissão por fibra entre PUC-Rio e CBPF funciona normalmente, enquanto o trecho PUC-Rio–UFRJ apresenta sinal fraco e passa por calibrações. De acordo com o tenente-coronel e engenheiro de comunicações Vítor Andrezo, vibrações, calor, neblina e chuva podem desalinhar o feixe de luz dos enlaces aéreos, exigindo soluções técnicas adicionais.
Protocolo quântico
O projeto emprega três estações batizadas de Alice, Bob e Charlie. Na configuração atual, PUC-Rio exerce o papel de Charlie, enviando fótons “em branco” que UFRJ (Alice) e CBPF (Bob) alteram antes de devolvê-los. Qualquer tentativa de interceptação muda o estado dos fótons e é imediatamente detectada.
Investimentos e laboratório
A iniciativa já recebeu aproximadamente R$ 6 milhões de FAPESP, MCTI, CNPq e FINEP. Esta última destinou mais R$ 23 milhões ao CBPF para erguer, até 2025, o Laboratório de Tecnologias Quânticas, que abrigará equipamentos capazes de operar a temperaturas próximas ao zero absoluto para desenvolver chips quânticos e componentes eletrônicos.

Imagem: olhardigital.com.br
Outros projetos no país e no exterior
Além da Rio Quântica, há redes metropolitanas em implantação: uma ligação por fibra entre a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Rural de Pernambuco (UFRPE), atualmente atrasada por falta de recursos, e um sistema em São Paulo que deverá conectar, em até dois anos, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o Instituto de Física da USP e o Centro Wernher von Braun.
No cenário global, a China já investiu mais de US$ 15 bilhões e opera uma malha quântica de cerca de 4.600 km entre Pequim, Xangai e Hefei, complementada por satélites. Estados Unidos e Europa também avançam na construção de uma internet quântica mundial.
Com informações de Olhar Digital