Caracas, 11 mar. – A detenção da advogada e ativista Martha Lía Grajales, na última sexta-feira, 8, em Caracas, gerou condenação pública até mesmo de movimentos de esquerda que tradicionalmente evitavam criticar o governo de Nicolás Maduro.
Grajales foi presa por militares quando deixava um protesto em frente ao escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) na capital venezuelana. Testemunhas relataram que agentes a colocaram em um veículo cinza sem placas. Desde então, não há informações oficiais sobre seu paradeiro.
Ex-integrante do chavismo, a advogada liderava a ONG SurGentes e rompeu com o regime após a violenta repressão às manifestações que contestaram a eleição presidencial de julho de 2024. Na ocasião, os protestos deixaram 28 mortos, cerca de 200 feridos e quase 2,5 mil detidos; aproximadamente 2 mil já foram soltos.
Três dias antes da prisão, Grajales participara de uma vigília em frente ao Tribunal Supremo de Justiça. Segundo a SurGentes, policiais dispersaram o ato com violência.
Reação regional
A detenção desencadeou pronunciamentos incomuns na esquerda latino-americana. A associação argentina Mães da Praça de Maio – Linha Fundadora divulgou nota exigindo liberdade imediata para a ativista e responsabilização dos envolvidos.
O ganhador do Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, recentemente reunido com a ex-presidente argentina Cristina Kirchner, assinou carta intitulada “Defender os direitos humanos das pessoas humildes não é crime: liberdade imediata para Martha Lía Grajales”, apoiada por dezenas de militantes. Parlamentares da Frente de Esquerda da Argentina também condenaram a repressão venezuelana.
Até esta segunda-feira, 11, o governo de Nicolás Maduro não havia se pronunciado sobre o caso.
Com informações de Revista Oeste