O governo de Portugal suspendeu, em 16 de junho, a publicação dos atos que garantem o Estatuto de Igualdade de Direitos e Deveres a cidadãos brasileiros legalmente residentes no país. A informação foi confirmada pelo Itamaraty, que ainda aguarda explicações oficiais das autoridades portuguesas.
O estatuto, previsto em um acordo bilateral, assegurava aos brasileiros direitos semelhantes aos dos portugueses, como participação política, benefícios trabalhistas e acesso ampliado a serviços públicos. A paralisação atinge diretamente quem dependia da medida para regularizar ou ampliar sua situação no território luso.
Pressão sociopolítica e serviços sobrecarregados
Fontes ligadas à diplomacia em Lisboa atribuem a suspensão a um conjunto de fatores: aumento do fluxo migratório do Brasil, pressão popular, sobrecarga nos órgãos de imigração e mudança no cenário político português.
Segundo o Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, assessor da Câmara Portuguesa e membro do projeto Terras de Cabral, “há um acúmulo sistêmico: crescimento exponencial de brasileiros, reação popular, colapso nos serviços de imigração e reorientação política. O governo respondeu, ainda que de forma abrupta e pouco transparente”.
Direita em ascensão
A decisão ocorre em meio ao fortalecimento de discursos nacionalistas e contra a imigração. O partido CHEGA, liderado por André Ventura, e o Partido Social Democrata (PSD) — agora Aliança Democrática (AD) — passaram a adotar pautas conservadoras, influenciando a formação do novo governo. Já o Partido Socialista (PS), antes majoritário, perdeu espaço e hoje se concentra em regiões economicamente mais vulneráveis.
Impacto na comunidade brasileira
Relatórios internos apontam que pedidos de residência e cidadania superam a capacidade de processamento, gerando filas, denúncias de corrupção e protestos. Paralelamente, multiplicam-se episódios de rejeição a imigrantes, com associações entre a presença brasileira e problemas como violência, disputa por empregos e pressão sobre o sistema de saúde.

Imagem: Atitude Tocantins
Especialistas alertam que a interrupção do estatuto pode representar um retrocesso nas relações históricas entre Brasil e Portugal. O governo português não indicou prazos nem critérios para retomar a concessão. No Brasil, o Itamaraty acompanha o caso com preocupação, principalmente pelo impacto potencial sobre estudantes, profissionais de saúde, pesquisadores e famílias binacionais.
“Os brasileiros precisam entender que Portugal mudou. O país, antes símbolo de acolhimento, vive uma crise de identidade política”, observa o Dr. Fabiano.
Com informações de Atitude TO