Um paredão rochoso com 60 metros de extensão por 10 de altura, localizado a poucos quilômetros de Palmas, guarda registros de grupos humanos que ocuparam o Cerrado há cerca de 8 mil anos. Conhecido como Abrigo do Jon, o sítio arqueológico está cadastrado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e foi identificado entre 2010 e 2012 pelo arqueólogo Lucas Bueno.
Arte na rocha
As pinturas chamam a atenção pela variedade de cores (vermelho, branco, preto e amarelo) e pelas figuras representadas, que incluem seres humanos, animais, cenas de caça, formas abstratas, símbolos geométricos e cúpules — cavidades cônicas entalhadas propositalmente na rocha, algumas ainda com vestígios de pigmento.
Escavações revelam ocupação prolongada
Camadas de sedimento analisadas com o método do Carbono-14 confirmam a presença humana contínua no local. Entre os vestígios encontrados estão:
- fragmentos cerâmicos;
- sementes e grãos de pólen;
- carvões;
- estacas de madeira;
- espigas de milho;
- artefatos líticos.
De acordo com o superintendente do Iphan no Tocantins, Danilo Curado, os fragmentos cerâmicos aparecem nas camadas mais recentes e provavelmente foram produzidos com argila local em fornos rudimentares, seguindo técnicas indígenas tradicionais. As espigas de milho, encontradas no mesmo nível dos carvões e das cerâmicas, devem ter cerca de mil anos. Já o pólen preservado nos sedimentos auxilia na reconstrução do ambiente original.
Acesso restrito e planos de visitação
O Abrigo do Jon integra a Rota do Abraço, circuito ecoturístico que reúne dezenas de sítios arqueológicos. Atualmente, contudo, o acesso é permitido apenas para pesquisa, escavação e fiscalização autorizadas pelo Iphan. A cidade de Palmas possui 103 sítios registrados; em todo o Tocantins são 1.079, número que cresce à medida que novas áreas são estudadas.

Imagem: g1.globo.com
Em julho, uma equipe da Agência Municipal de Turismo de Palmas (Agtur) visitou o local para avaliar o potencial turístico, cultural e educacional. Segundo Danilo Curado, a abertura ao público dependerá da instalação de infraestrutura, elaboração de um plano de manejo e controle de visitantes. O Iphan já realizou poda da vegetação invasora e limpeza da área e pretende contratar empresa especializada em conservação de sítios rupestres.
Enquanto a visitação não é liberada, o paredão permanece reservado a pesquisadores, servindo de testemunho a modos de vida que transformaram o Cerrado desde a pré-história.
Com informações de g1 Tocantins