O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), 29 anos, já traça como objetivo ocupar a presidência da Câmara dos Deputados a partir de fevereiro de 2027. Impedido de disputar o Senado em 2026 por não ter a idade mínima de 35 anos e barrado por seu partido para concorrer ao governo de Minas Gerais, o parlamentar aposta na sucessão da Mesa Diretora hoje projetada para ficar com Hugo Motta (Republicanos-PB) no biênio 2025-2027.
Enquanto planeja o futuro político, Nikolas enfrenta ataques simultâneos de adversários de esquerda e de aliados de direita. O mais recente episódio envolve o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que o acusou de favorecer o Primeiro Comando da Capital (PCC) ao divulgar “fake news” sobre uma suposta taxação do Pix. Em janeiro, vídeo do deputado contra a medida recebeu cerca de 300 milhões de visualizações e motivou o recuo da Receita Federal na proposta de monitorar transações que somassem R$ 5 mil. Nikolas classificou a fala de Lula como “canalhice” e anunciou processo por difamação.
Pressão interna no PL
Apesar de se apresentar como aliado de Jair Bolsonaro (PL) e de seus três filhos parlamentares, o mineiro também é alvo de críticas da família do ex-presidente. Mensagens obtidas pela Polícia Federal mostram Eduardo Bolsonaro (PL-SP) cobrando maior empenho de Nikolas na defesa do pai diante de possíveis condenações judiciais e reclamando da baixa participação do colega na convocação de atos de rua. Em público, o filho “03” afirmou que não passaria “pano para deslumbrado”, referência indireta ao mineiro.
A tensão cresceu após a divulgação de suposta interação de Nikolas com uma influenciadora de esquerda. Mesmo sob pressão, ele manteve a agenda digital e passou a condenar ações da Polícia Federal contra o pastor Silas Malafaia, aliado do bolsonarismo.
Trajetória de visibilidade
Mais votado do país em 2022, com 1,49 milhão de votos, Nikolas já presidiu a Comissão de Educação, relatou projetos de destaque, integrou missões internacionais e discursou em sessão da ONU, em Nova York, quando denunciou o que chama de ativismo judicial no Brasil. No plenário, protagonizou episódios como o uso de uma peruca para criticar políticas voltadas a pessoas trans, tentativas de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e embates com a Presidência do Congresso.
O deputado responde a diversos processos, incluindo ação na Justiça Eleitoral de Minas Gerais que pode torná-lo inelegível até 2033 por suposta desinformação contra o então prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman. Ele também é acusado de incentivar Jair Bolsonaro a descumprir medida cautelar após divulgar vídeo com o ex-presidente durante manifestação na Avenida Paulista.

Imagem: Divulgação
Barreiras para chegar ao cargo
Analistas apontam a idade do parlamentar como principal obstáculo. A presidência da Câmara está na linha sucessória da Presidência da República, cargo tradicionalmente reservado a brasileiros com, no mínimo, 35 anos — exigência que pode ser invocada para barrar a candidatura de Nikolas antes de 2034. Além disso, cientistas políticos avaliam que o Centrão tende a resistir a um nome considerado “jovem e radicalizado”.
Com 18 milhões de seguidores no Instagram, o mineiro supera o alcance digital de Lula. Cada publicação dele registra, em média, 1,5 milhão de interações. A popularidade faz com que seja tratado como celebridade em eventos e reforça sua posição de “fenômeno político” nas redes sociais.
Especialistas consultados consideram a carreira do deputado promissora, desde que amplie o diálogo com o centro e, eventualmente, adquira experiência executiva. No Congresso, colegas como Gustavo Gayer (PL-GO) e Mauricio Marcon (Podemos-RS) elogiam sua liderança, enquanto críticos veem excesso de confrontação. Nas últimas semanas, Nikolas sinalizou tentativa de reduzir tensões ao reconhecer avanços pontuais em decisões de alguns ministros do STF e defender conversas até com setores da esquerda quando o tema é “democracia”.
Com informações de Gazeta do Povo