Brasília — 14 de agosto de 2025. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou nesta quinta-feira (14) que o processo sobre a suposta tentativa de golpe envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não tramitou com maior velocidade em comparação a outras investigações. A declaração ocorreu durante a segunda edição do evento “Leis e Likes: o papel do Judiciário e a influência digital”, que reuniu 26 influenciadores na sede da Corte.
A pergunta foi apresentada pelo humorista e influenciador Mizael Silva — conhecido nas redes como “advogado de Alexandre de Moraes” — que relatou ouvir nas ruas que a ação contra Bolsonaro avançou mais rápido do que o inquérito sobre a fraude bilionária de descontos ilegais no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“Entre investigação, denúncia e processo, vamos completar quase dois anos”, respondeu Moraes. “O caso do INSS não tem seis meses. Comparar coisas diferentes é muito complicado.” O ministro lembrou ainda que não é relator do procedimento envolvendo o INSS, atribuindo a condução das investigações à Polícia Federal e a apresentação da denúncia à Procuradoria-Geral da República.
Processo tem réu preso
Moraes explicou que a ação penal relacionada ao alegado plano golpista exige celeridade porque há um réu preso: o general Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro. “Tivemos recesso em julho, mas para réu preso o prazo não para”, disse. Os pedidos de liberdade apresentados pela defesa do militar foram todos negados.
No total, oito pessoas são acusadas no chamado “núcleo 1” da investigação. A fase de alegações finais foi concluída na quarta-feira (13), permitindo que Moraes elabore seu relatório e voto. A expectativa é de que o julgamento na Primeira Turma ocorra em setembro.
Brincadeira sobre sanções dos EUA
Durante o evento, Moraes conheceu pessoalmente Mizael Silva e fez referência às sanções impostas pelos Estados Unidos, que revogaram seu visto com base na Lei Magnitsky. “Você fala inglês também? Para me defender nos Estados Unidos?”, perguntou, em tom de humor. Mais tarde, ao posar para fotos com os influenciadores, ironizou: “É um perigo hoje. Pode ter um drone norte-americano”.

Imagem: Rosinei Coutinho via gazetadopovo.com.br
Regulação das redes e imagem do STF
O ministro reiterou não haver “oposição” às redes sociais, mas defendeu maior responsabilidade das plataformas digitais. “O que é proibido no mundo real não pode ser permitido no ambiente virtual”, afirmou.
O encontro “Leis e Likes” é organizado pelo STF em parceria com a ONG Redes Cordiais e conta com patrocinadores como YouTube, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Segundo a Corte, nenhum influenciador recebeu cachê e as visitas não foram custeadas pelo Tribunal.
A primeira edição, realizada em agosto de 2024, teria ampliado em 30% a imagem positiva do STF na imprensa, além de gerar mais de 400 conteúdos nas redes. O ministro Edson Fachin assumirá a presidência do Supremo em setembro, tendo Alexandre de Moraes como vice.
Com informações de Gazeta do Povo