Home / Pelo Mundo / Molécula primordial HeH+ é recriada em laboratório e desafia modelos sobre o resfriamento do Universo

Molécula primordial HeH+ é recriada em laboratório e desafia modelos sobre o resfriamento do Universo

Spread the love

Pesquisadores conseguiram sintetizar em laboratório o íon hidreto de hélio (HeH+), apontado como a primeira molécula formada após o Big Bang, e observaram um comportamento inesperado que pode alterar a compreensão sobre o resfriamento do Universo nos seus instantes iniciais. O resultado do trabalho foi publicado na revista científica Astronomy & Astrophysics.

De acordo com a equipe, o experimento reproduziu condições semelhantes às que existiam há aproximadamente 380 mil anos, durante a chamada fase de Recombinação, quando átomos começaram a surgir num cosmos até então composto por partículas livres. O HeH+ se forma a partir da união de um átomo de hélio neutro com um próton de hidrogênio ionizado e, junto com o gás molecular de hidrogênio (H2), teria auxiliado no resfriamento de nuvens protoestrelares, possibilitando o colapso que deu origem às primeiras estrelas.

Como o teste foi realizado

Para verificar se essa molécula realmente exerceu papel decisivo na dissipação de calor, os cientistas bombardearam o HeH+ com deutério — isótopo do hidrogênio que possui um nêutron extra — em diferentes faixas de temperatura. O objetivo era medir a taxa de reação sob condições cada vez mais frias, reproduzindo o ambiente do Universo primordial.

Contrariando previsões de estudos anteriores, a reação não ficou mais lenta conforme a temperatura caiu. A equipe combinou medições experimentais e cálculos teóricos, mas não encontrou evidências que confirmassem as estimativas anteriores de redução de velocidade. O achado sugere que as interações envolvendo HeH+ podem ter sido ainda mais eficazes para retirar calor do meio interestelar precoce do que se supunha.

Impacts na cosmologia

Os autores afirmam que os resultados exigem uma revisão nos modelos de química do hélio utilizados para descrever os primeiros momentos após o Big Bang. Caso novos trabalhos confirmem a eficiência ampliada do HeH+, cientistas terão de recalibrar simulações que explicam a transição de um plasma quente e turbulento para um Universo capaz de formar estruturas complexas, como estrelas e planetas.

Molécula primordial HeH+ é recriada em laboratório e desafia modelos sobre o resfriamento do Universo - Imagem do artigo original

Imagem: N.R. Fuller National Science Foundation via olhardigital.com.br

Embora não altere os marcos cronológicos já conhecidos — como os três minutos necessários para o surgimento de elementos leves e os 380 mil anos até a formação dos primeiros átomos —, a descoberta adiciona uma nova peça ao quebra-cabeça da evolução cósmica.

Com informações de Olhar Digital

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *