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Mercado vê risco de interferência após Petrobras decidir voltar à distribuição de gás de cozinha

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Rio de Janeiro – O conselho de administração da Petrobras aprovou, na quinta-feira (7), o retorno da companhia ao segmento de distribuição de combustíveis, começando pelo gás liquefeito de petróleo (GLP). A decisão despertou receios entre investidores sobre possível intervenção governamental nos preços e impacto nos resultados da estatal.

Entrada limitada ao GLP até 2029

A Petrobras ficou impedida de atuar na distribuição de combustíveis líquidos após vender a antiga BR Distribuidora em 2021. Uma cláusula de não concorrência com a Vibra Energia vigora até meados de 2029, restringindo a reestreia da estatal à comercialização de GLP. A expectativa é que a operação comece efetivamente em 2026.

Argumento de disparidade de preços

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), entre janeiro de 2023 e abril de 2025, os valores praticados pela Petrobras nas refinarias caíram, mas essa redução não foi integralmente repassada ao consumidor. No período, o preço da gasolina nas bombas subiu 25,5%, enquanto o diesel S10 recuou 2,3% e o GLP, 0,7%. Até 5 de agosto, a gasolina ao consumidor ainda acumulava alta de 21,1%.

Reação sindical e diretrizes internas

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) classificou o retorno à distribuição como “vitória dos trabalhadores” e defendeu que a estatal volte também a comercializar gasolina, diesel, etanol e lubrificantes. No Plano Estratégico da companhia, a diretriz prevê atuar em negócios rentáveis, por meio de parcerias, com foco inicial no GLP e oferta de soluções de baixo carbono.

Impacto sobre as ações

Após o anúncio, os papéis da Petrobras atingiram o menor patamar de 2025, acumulando queda de 17% no ano. Analistas do Safra, Suno Research e XP Investimentos ressaltam que a operação do segundo trimestre ficou em linha com as expectativas, mas temem que interferências nos preços comprometam o retorno de capital.

Números do segundo trimestre

– Produção de petróleo: alta de 4,8%

– Lucro líquido: entre US$ 4,7 bilhões e US$ 4,8 bilhões

– EBITDA ajustado: US$ 10,2 bilhões

– Capex: US$ 4,1 bilhões (acima do previsto)

– Fluxo de caixa livre: queda de 24% ante o trimestre anterior

– Dividendos: US$ 1,6 bilhão, com rendimento de 2,0% a 2,1%

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Imagem: André Mota de Souza via gazetadopovo.com.br

Pressão sobre caixa e dividendos

A Genial Investimentos observou que a Petrobras pretende executar 100% do seu plano de investimentos, patamar superior ao histórico de 70% a 80%. O ritmo acelerado reduz o espaço para dividendos extraordinários, frustrando parte do mercado.

Percepção de risco permanece elevada

Mesmo com baixo custo de extração no pré-sal (cerca de US$ 4 por barril) e mais de R$ 500 bilhões distribuídos em dividendos nos últimos cinco anos, analistas apontam que a natureza estatal, a necessidade de prêmios de risco maiores no Brasil e a expansão para áreas de menor rentabilidade mantêm o papel descontado em relação a pares internacionais.

O mercado agora monitora como a diretoria da Petrobras conduzirá a entrada na distribuição de GLP e se haverá mudanças na política de preços e de dividendos.

Com informações de Gazeta do Povo

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