A líder comunitária Alessandra Moja, detida na segunda-feira, 8 de setembro de 2025, por suspeita de integrar a rede de apoio do Primeiro Comando da Capital (PCC), dividiu o palco com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 26 de junho, durante cerimônia oficial na Favela do Moinho, região central de São Paulo.
Segundo o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Alessandra é irmã de Leonardo Moja, conhecido como “Leo do Moinho” e apontado como chefe do tráfico local. A investigação afirma que ela repassava informações da comunidade ao irmão, que cumpre pena, e recebia ordens de dentro da prisão, auxiliando no comércio de drogas e armas.
Evento de junho
No ato de 26 de junho, Lula anunciou um programa habitacional para cerca de 900 famílias que vivem no Moinho. Na ocasião, a também líder comunitária Flávia Maria da Silva solicitou autorização ao presidente para chamar ao palco três parceiras “referências na comunidade” — Yasmin, Alessandra e Janine. O pedido foi atendido, e Lula cumprimentou o trio antes de iniciar o discurso.
Imagens do encontro voltaram a circular após a prisão de Alessandra. Durante o evento, o presidente criticou reportagens que sugeriam relação do governo com o crime organizado, afirmando que moradores de favelas são rotulados injustamente como criminosos.
Defesas e negativas
Em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) negou qualquer negociação com a facção criminosa para realizar a cerimônia e informou que a interlocução oficial ocorreu exclusivamente por meio de Flávia Maria da Silva. A Secom destacou que a agenda teve caráter institucional, destinada a ouvir a comunidade e anunciar políticas públicas.
A Defensoria Pública do Estado de São Paulo também se manifestou, declarando que a organização não governamental que atua no Moinho não possui vínculos com o PCC nem é utilizada para armazenar armas ou drogas, como sustenta a promotoria. O órgão afirma que os moradores lutam apenas por moradia, integridade pessoal e segurança.
Favela em processo de reurbanização
A Favela do Moinho passa por projeto conjunto dos governos estadual e federal para reassentar as 900 famílias em outros imóveis e transformar a área em parque. Metade dos habitantes já deixou o local; o restante, de acordo com o MP-SP, estaria sendo coagido por traficantes a permanecer. Para a promotoria, o Moinho segue funcionando como “quartel-general” do ecossistema criminoso na região central, servindo de depósito de drogas e armas.
Com informações de Gazeta do Povo