Julien Gracq, pseudônimo do escritor e historiador francês Louis Poirier, lançou em 1951 o romance “Le Rivage des Syrtes” (“O Litoral de Sirtes”). A obra recebeu o Prêmio Goncourt, recusado pelo próprio autor, e se tornou um dos títulos de referência da literatura francesa do pós-guerra.
Enredo e ambientação
A narrativa acompanha Aldo, jovem aristocrata de família decadente que aceita o cargo de observador naval na república fictícia de Orsenna. O país vive há séculos em armistício não declarado com o vizinho Farghestan, separado pelo mar e pelo enigmático litoral das Sirtes, zona proibida segundo as leis militares locais.
Designado para a fortaleza isolada de Morhange, Aldo enfrenta a rotina de inação, burocracia e falsa vigilância. Entediado, passa a flertar com provocações militares e espionagem, risco que pode romper o frágil equilíbrio mantido entre as duas nações.
Temas e estilo
Descrita como “fábula política e existencial”, a obra mescla política, história e psicologia. A paisagem marítima funciona como metáfora da espera e do desconhecido, enquanto Orsenna simboliza tradição estagnada e temor da mudança. O texto é reconhecido pelo estilo opulento, barroco e fortemente metafórico, exigindo atenção e paciência do leitor.
Críticos apontam que o romance pode ser lido como alegoria da Europa entre as duas guerras mundiais ou, em sentido mais amplo, das tensões vividas durante a Guerra Fria.

Imagem: Divulgação via revistaoeste.com
Edições no Brasil
Em 2022, “O Litoral de Sirtes” ganhou nova edição no Brasil pela Editora Carambaia, com tradução de Júlio Castañon Guimarães. O livro já havia sido publicado no país em 1986 pela extinta Editora Guanabara, em tradução de Vera de Azambuja Harvey, ainda disponível em sebos.
Com informações de Revista Oeste