O pacto firmado pelos governadores Ratinho Jr. (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) para apoiar o nome mais competitivo do grupo contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026 só avançará com o aval das cúpulas de seus partidos.
Pacto em discussão
Zema e Caiado, já lançados por suas legendas, defendem que o acordo seja aplicado apenas no segundo turno, preservando espaço de exposição até lá. Ratinho Jr. quer um entendimento desde agora, mas ainda busca tornar-se a escolha prioritária do PSD. Tarcísio, apontado como favorito, enfrenta o dilema de abrir mão da possibilidade de reeleição em São Paulo, pois, caso concorra ao Planalto, precisará renunciar em abril de 2026.
Interesse dos caciques
Nos bastidores, dirigentes partidários avaliam que o principal objetivo é ampliar bancadas na Câmara dos Deputados e garantir espaço no futuro Executivo. A federação recém-criada entre União Brasil e PP, além de siglas como o PSD, controla boa fatia do fundo eleitoral e do tempo de rádio e TV, reforçando o poder de negociação dos presidentes das legendas.
Perfis dos quatro governadores
Caiado foi o primeiro a se colocar como presidenciável e usa o discurso de combate ao crime organizado e oposição histórica ao PT, mas enfrenta resistência do bolsonarismo.
Zema, visto como outsider, baseia-se em austeridade fiscal e apoio explícito ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas o Novo tem estrutura limitada para alianças nacionais.
Ratinho Jr. posiciona-se no centro, podendo emergir caso haja divisão entre direita e centro-direita ou desgaste da polarização.
Tarcísio reúne melhores índices nas pesquisas, conta com o maior colégio eleitoral do país e mantém proximidade com Bolsonaro, embora seja cobrado por pautas de costumes.
Pesquisas recentes
Levantamento do Paraná Pesquisas (17 a 21 de agosto) aponta empate técnico entre Lula e Tarcísio, ambos com 41,9%. A mesma sondagem mostra Lula com 43,4% e Michelle Bolsonaro com 42,3%. Já o instituto Quaest (13 a 17 de agosto) registra vantagem de oito a 16 pontos para Lula sobre adversários de centro e direita.

Imagem: mtag Gazeta do Povo Pablo Jacob
Apoios em formação
Presidentes partidários como Marcos Pereira (Republicanos), Valdemar Costa Neto (PL), Ciro Nogueira (PP) e Gilberto Kassab (PSD) sinalizam apoio a Tarcísio. A adesão depende da família Bolsonaro, especialmente dos filhos Eduardo e Carlos, que resistem a um acordo imediato.
Pressão do julgamento de Bolsonaro
A proximidade do julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal, que pode resultar em prisão domiciliar, isola politicamente Bolsonaro e aumenta o peso de um candidato capaz de herdar seu eleitorado. Nesse cenário, o nome de Tarcísio ganha força, embora o governador evite assumir pré-candidatura.
Análises divergentes
Para o cientista político Leandro Gabiati, Tarcísio nunca esteve tão perto de disputar a Presidência, capitalizando imagem de gestor. Já o analista Luiz Filipe Freitas avalia que o paulista pode adiar a investida para 2030 e buscar a reeleição, citando riscos de enfrentar Lula em meio a fatores externos, como o recente tarifaço dos Estados Unidos que elevou a popularidade do petista.
Disputa por filiação
A possível candidatura de Tarcísio gerou atrito entre Republicanos e PL. Valdemar Costa Neto afirma ter recebido promessa do governador de assinar com o PL caso concorra ao Planalto. Tarcísio, porém, elogiou o Republicanos e chamou a filiação de “casamento” durante evento em 25 de agosto. Para o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ele é “a estrela da direita” e pode unificar o campo conservador.
Enquanto os caciques não batem o martelo, seguem as negociações para uma aliança ampla, possivelmente em torno de Tarcísio, com exceção do Novo, que tende a manter a candidatura de Zema por questões estratégicas de visibilidade.
Com informações de Gazeta do Povo