Um artigo divulgado no repositório científico arXiv propõe redirecionar a sonda Juno, atualmente em órbita de Júpiter, para um encontro inédito com o cometa interestelar 3I/ATLAS. A ideia é liderada por Abraham “Avi” Loeb, da Universidade de Harvard, em parceria com os britânicos Adam Hibberd e Adam Crowl.
Manobra de Oberth é peça-chave
Segundo os cálculos apresentados, um impulso aplicado em 9 de setembro tiraria a Juno de sua trajetória atual. A espaçonave executaria uma Manobra de Oberth — utilização da gravidade de um planeta para ganhar velocidade — e alcançaria o cometa em 14 de março de 2026.
Equipado com espectrômetros, magnetômetros, detectores de partículas, sensores de ondas e câmeras de alta resolução, o orbitador poderia coletar dados de perto sobre a composição e a estrutura do 3I/ATLAS, algo inviável a partir da Terra. O periélio do cometa ocorrerá do lado oposto ao planeta, dificultando observações terrestres por causa do ofuscamento solar.
Cometa maior e mais rápido que visitantes anteriores
Descoberto no início do mês passado, o 3I/ATLAS viaja quase duas vezes mais rápido que Oumuamua (2019) e o cometa Borisov (2017). Estima-se um núcleo de 5,6 km, resultando em comprimento total de aproximadamente 11,2 km. Há indícios de que o objeto tenha origem no disco espesso da Via Láctea e seja mais antigo que o próprio Sistema Solar.
Obstáculos orçamentários e controvérsia
A proposta esbarra em limitações financeiras. A NASA enfrenta cortes de verbas e planeja encerrar a missão Juno no próximo mês, quando a nave atingirá o fim de sua vida útil. Redirecionar a sonda exigiria recursos adicionais e poderia interferir em prioridades como as missões a Marte.
Imagem: Darryl Seligman et al. via olhardigital.com.br
Loeb, conhecido por hipóteses controversas — entre elas a possibilidade de objetos interestelares serem sondas alienígenas —, também especulou que o 3I/ATLAS poderia representar tecnologia hostil. Apesar das críticas de parte da comunidade científica, a interceptação de um cometa forasteiro com uma nave já em operação é vista como oportunidade rara de pesquisa.
Por enquanto, a proposta permanece no campo teórico e aguarda avaliação da agência espacial norte-americana.
Com informações de Olhar Digital
