O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota na noite de terça-feira, 9 de setembro de 2025, condenando sanções econômicas e eventuais ameaças militares dos Estados Unidos contra o Brasil. O posicionamento oficial reage à declaração da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, segundo a qual o presidente norte-americano, Donald Trump, “não terá receio” de empregar o poder militar para “proteger a liberdade de expressão” em outros países.
No início de agosto, Trump elevou de 10% para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros. Além de justificativas comerciais, o líder norte-americano citou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes contra grandes empresas de tecnologia como fatores que motivaram a medida.
Na nota, o Itamaraty afirmou que “o Brasil não se deixará intimidar” e que “o primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas”. O texto acrescenta que o governo brasileiro “repudia a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais”.
Julgamento de Bolsonaro prossegue no STF
Apesar da pressão externa, a Primeira Turma do STF iniciou, na semana passada, o julgamento do ex-presidente Bolsonaro e de outros sete acusados do chamado núcleo 1 por suposta tentativa de golpe de Estado. Relator do processo, Alexandre de Moraes votou pela condenação de Bolsonaro, classificando-o como líder de organização criminosa. O ministro Flávio Dino acompanhou o relator, mas defendeu penas mais severas para o ex-mandatário e para o ex-ministro Walter Braga Netto.
Durante a sessão desta terça-feira (9), Moraes e Dino afirmaram que pressões internacionais não influenciam o tribunal. “Agressões, coações, ameaças de governos estrangeiros não são matéria decisória”, declarou Dino. Ainda segundo ele, a toga dá “proteção psicológica suficiente” para que ministros se mantenham afastados de fatores externos ao processo.

Imagem: Camila Abrão
Moraes é alvo de uma série de sanções impostas pelos Estados Unidos. Também na terça-feira, Trump cobrou o encerramento imediato da ação penal contra Bolsonaro, sem êxito junto às autoridades brasileiras.
A íntegra da nota do Itamaraty destaca que “os três Poderes da República não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania”.
Com informações de Gazeta do Povo