Um estudo divulgado na revista Nature Biotechnology descreve uma plataforma de inteligência artificial capaz de projetar pequenas moléculas peptídicas que se ligam e podem destruir proteínas associadas a doenças antes consideradas “intocáveis”. A ferramenta, batizada de PepMLM, foi criada por cientistas das universidades Duke, McMaster e Cornell.
O algoritmo, inspirado em modelos de compreensão de linguagem humana, aprendeu a “interpretar” a sequência de aminoácidos das proteínas. Dessa forma, consegue gerar peptídeos com potencial terapêutico sem a necessidade de conhecer a estrutura tridimensional da proteína-alvo, obstáculo que costuma atrasar o desenvolvimento de novos fármacos.
Testes em múltiplas frentes
Nos laboratórios da Duke, o líder do trabalho, Pranam Chatterjee, validou as primeiras moléculas criadas pela IA. Em McMaster, a pesquisadora Christina Peng demonstrou que alguns peptídeos se ligam a proteínas tóxicas relacionadas à doença de Huntington. Já na Cornell, Matthew DeLisa e Hector Aguilar avaliaram o desempenho contra proteínas de patógenos virais. Em determinados casos, as moléculas não só se acoplaram às proteínas-alvo como também induziram sua degradação.
Próximos passos
A equipe já trabalha em versões aprimoradas do sistema — PepTune e MOG-DFM — focadas em aumentar a estabilidade dos peptídeos e facilitar sua entrega no organismo. “Queremos transformar uma simples sequência em um medicamento real”, resumiu Chatterjee.

Imagem: raker via olhardigital.com.br
Segundo os autores, a abordagem poderá abrir caminho para terapias contra cânceres resistentes, distúrbios neurológicos e infecções virais que hoje têm poucas opções de tratamento.
Com informações de Olhar Digital