Brasília — O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira (14/08/2025) que “não há sentimento” entre os parlamentares para aprovar uma anistia ampla, geral e irrestrita aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, medida que também poderia alcançar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Motta defendeu a elaboração de um texto alternativo voltado à revisão das punições consideradas excessivas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo ele, uma proposta focada apenas nas penas “exageradas” teria mais chance de reunir apoio de legendas de centro.
“Vejo um ambiente melhor entre os partidos de centro. Isso precisa ser construído a quatro mãos, inclusive com siglas da base do governo. Não vejo dificuldade em dialogar com o Poder Executivo e o Judiciário”, declarou em entrevista à GloboNews.
Pautas da oposição em debate
O deputado disse estar disposto a discutir temas defendidos pela oposição, como a própria anistia e o fim do foro privilegiado. Sobre este último, avaliou que ainda não existe maioria na Casa para aprovar o texto, ressaltando a necessidade de proteger a atividade parlamentar. “Não é razoável que parlamentares sejam criminalizados por crimes de opinião”, afirmou.
Motta rejeitou a possibilidade de negociar votações em troca do fim de obstruções. Para ele, aceitar essa prática criaria precedente para que outros partidos adotem a mesma tática. “Esse precedente não vamos abrir”, salientou.
Cobrança a Eduardo Bolsonaro
O presidente da Câmara voltou a criticar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se encontra nos Estados Unidos buscando apoio a sanções contra autoridades brasileiras devido à condução do processo de seu pai pelo ministro Alexandre de Moraes. Motta classificou a iniciativa como “indefensável”.

Imagem: Bruno Spada via gazetadopovo.com.br
“Quando se parte para uma atuação contra o país, que prejudica nossa economia, não é razoável. Não podemos colocar o interesse pessoal acima do interesse do Brasil”, disse.
Ele lembrou ainda que o Regimento Interno da Câmara não prevê atuação parlamentar remota. Segundo Motta, Eduardo Bolsonaro sabia da incompatibilidade quando se licenciou para viajar e tinha prazo para retomar o mandato.
As declarações ocorreram em meio às discussões da Casa sobre a pauta pós-recesso e à expectativa de retomada das sessões presenciais.
Com informações de Gazeta do Povo