O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, na quarta-feira (27), o decreto que regulamenta a TV 3.0 — também chamada de DTV+. A nova geração da televisão aberta deve estrear no primeiro semestre de 2026 nas principais capitais, antes da Copa do Mundo.
Imagem 4K, som imersivo e interatividade
Segundo o Ministério das Comunicações, a TV 3.0 vai integrar sinal de radiodifusão com internet, transformando cada canal em um aplicativo interativo. O formato permitirá publicidade personalizada, compras diretamente na tela, votações em tempo real e escolha de ângulos de câmera em eventos esportivos ou reality shows.
A qualidade de imagem passará para 4K, com possibilidade de 8K, e o número de cores exibidas subirá de 16 milhões para 1 bilhão. O áudio será imersivo, em padrão cinematográfico.
Recursos de acessibilidade
O sistema traz legendas configuráveis, audiodescrição e gerador automático de Libras, com intérprete em tempo real. Também será possível reorganizar canais em forma de aplicativos, aproximando a navegação da experiência em plataformas de streaming.
Internet não é obrigatória, mas amplia serviços
A conexão à internet potencializa a interatividade, porém não é indispensável para a recepção de imagem e som em alta definição, de acordo com o governo.
Conversor ou novo televisor
Dos cerca de 90 milhões de televisores em uso no país, 60% são Smart TVs incompatíveis com a nova tecnologia. Para acessar a TV 3.0, será necessário adquirir um conversor, estimado entre R$ 300 e R$ 350, ou comprar um aparelho já adaptado. Estudos do governo avaliam subsídios a famílias de baixa renda.
Padrão ATSC 3.0 e plataforma de serviços públicos
O decreto adota o padrão de transmissão ATSC 3.0, indicado pelo Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD). A norma também cria a Plataforma Comum de Comunicação Pública e Governo Digital, que integrará serviços como o gov.br à tela da televisão.

Imagem: José Cruz
Transição de 15 anos
O cronograma prevê até 15 anos para que a tecnologia cubra todo o território nacional, período em que o modelo atual e o novo sistema conviverão. O governo informa ter aplicado R$ 7,5 milhões na primeira fase do projeto e garante que a recepção do sinal continuará gratuita.
Publicidade e interesse da indústria
Executivos do setor veem na TV 3.0 a chance de recuperar verbas publicitárias que migraram para redes sociais. Marcelo Bechara, diretor de relações institucionais da Globo, afirmou ao Brazil Journal que a maior precisão de dados de audiência tornará os anúncios mais assertivos, beneficiando inclusive anunciantes regionais.
Fabricantes estrangeiros, como a chinesa Hisense, já sinalizaram interesse em fornecer conversores para o mercado brasileiro a partir de 2026. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) calcula em R$ 11 bilhões o custo total da migração e defende linhas de financiamento, inclusive pelo BNDES, para emissoras e consumidores.
Com informações de Gazeta do Povo