Nove governadores de partidos de direita se reuniram na noite de quinta-feira (7 de agosto de 2025) na residência oficial do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para cobrar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) providências contra a tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros e para pressionar o Congresso Nacional a votar um projeto de anistia a investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.
Encontro articulado por Mauro Mendes
O encontro foi solicitado pelo governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União), e contou com a presença de:
- Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP)
- Romeu Zema (Novo-MG)
- Ratinho Júnior (PSD-PR)
- Jorginho Mello (PL-SC)
- Cláudio Castro (PL-RJ)
- Wilson Lima (União-AM)
- Ronaldo Caiado (União-GO)
- e o anfitrião Ibaneis Rocha (MDB-DF).
Tarcísio de Freitas chegou após visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em prisão domiciliar. Segundo ele, a aprovação de uma anistia “pode desescalar a crise” com o governo Donald Trump. “Estamos preocupados com os efeitos do tarifário e com o estresse nas relações com os EUA”, afirmou.
Tarifa e tensões diplomáticas
Desde segunda-feira (4), o Brasil enfrenta uma tarifa de 50% sobre suas exportações para os Estados Unidos, que já haviam elevado a taxação para 10% em abril. Washington alegou motivos comerciais e citou o julgamento de Bolsonaro por suposta tentativa de golpe de Estado, além de decisões do ministro Alexandre de Moraes contra plataformas digitais.
Bolsonaro foi preso por ordem de Moraes na mesma segunda-feira. O magistrado teve o visto norte-americano suspenso e foi incluído na Lei Magnitsky. O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) condicionou o fim do tarifaço à aprovação de uma “anistia ampla, geral e irrestrita” que beneficiaria seu pai. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou que, caso o ex-presidente concorra em 2026, “as sanções acabam no mesmo dia”. Bolsonaro está inelegível até 2030.
Críticas ao Planalto
Para Romeu Zema, o tarifaço é “retaliação” provocada por “inabilidade” de Lula nas relações com os EUA. Ronaldo Caiado acusou o presidente de “interesse em manter a crise comercial” para antecipar o debate eleitoral de 2026. Lula afirmou que a diplomacia brasileira está aberta a negociar, mas não pretende telefonar a Trump “para não se humilhar”.
Pressão sobre o Congresso
Governadores disseram que procurarão líderes partidários para acelerar a votação da anistia e de propostas como o impeachment de Moraes e o fim do foro privilegiado. Na quarta-feira (6), parlamentares da oposição chegaram a obstruir os trabalhos da Câmara e do Senado para cobrar essas pautas.

Imagem: Renato Alves via gazetadopovo.com.br
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), avisou a líderes que não colocará em votação pedidos de impeachment de ministros do STF, mesmo que haja assinaturas suficientes. Já o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que a anistia só será votada se houver consenso.
Mauro Mendes classificou a postura de Alcolumbre como “autoritária”. Caiado defendeu que o julgamento de Bolsonaro seja transferido da Primeira Turma para o plenário do STF, com 11 ministros, a fim de evitar “acirramento” entre Poderes.
Em nota, Ibaneis Rocha relatou que o grupo de governadores concordou sobre a “necessidade de distensionamento e pacificação” e afirmou que o país “precisa caminhar junto”.
Com informações de Gazeta do Povo