Arqueólogos identificaram um conjunto de ferramentas de pedra lascada na ilha de Sulawesi, na Indonésia, com datação estimada entre 1,04 milhão e 1,48 milhão de anos. O achado representa o vestígio mais antigo de presença humana nessa ilha e fortalece a hipótese de que ancestrais do Homo floresiensis – espécie apelidada de “hobbit” pela baixa estatura, de cerca de 1,06 m – teriam passado por Sulawesi antes de alcançar a ilha de Flores.
Os fósseis do H. floresiensis foram encontrados em Flores, uma porção de terra isolada no arquipélago indonésio. A distância em relação ao continente asiático sempre gerou dúvidas sobre como esses hominídeos chegaram ao local, já que, até então, a construção de embarcações era atribuída apenas ao Homo sapiens.
Parada intermediária
Sulawesi está situada entre Flores e a Ásia continental. A nova evidência indica que a ilha pode ter servido de escala para grupos humanos primitivos que deixaram o continente. Os autores do estudo sugerem que o H. floresiensis descenda do Homo erectus, espécie que teria migrado pela região e, já em ambientes insulares, passado por nanismo – processo evolutivo comum em ilhas com recursos limitados.
Apesar do avanço, o mecanismo exato que permitiu a travessia marítima permanece sem resposta. A principal linha de investigação aponta para deslocamentos acidentais, possivelmente provocados por eventos naturais, mas mais pesquisas serão necessárias para comprovar essa hipótese.
Extinção antes do sapiens
Outro estudo recente indica que o H. floresiensis desapareceu cerca de 4 mil anos antes do surgimento dos primeiros ancestrais diretos do Homo sapiens. A extinção dos chamados “hobbits” teria sido desencadeada por mudanças climáticas, especialmente por uma longa seca há cerca de 50 mil anos que levou ao sumiço dos elefantes-anões (Stegodon), fonte principal de alimento da espécie.

Imagem: Svet via olhardigital.com.br
A íntegra da pesquisa sobre as ferramentas foi publicada na revista Nature.
Com informações de Olhar Digital