O ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, afirmou que o órgão atuou para retirar do ar mais de 3 mil perfis de usuários brasileiros em redes sociais. A declaração foi feita em 28 de agosto de 2025, durante entrevista ao programa Sem Rodeios, da Gazeta do Povo, no YouTube.
Segundo Tagliaferro, as solicitações de bloqueio partiam do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, que presidiu o TSE em 2022 e integra o Supremo Tribunal Federal (STF). “Era uma metralhadora de combate à direita, nunca à esquerda”, disse o ex-assessor, ao relatar que a equipe recebia denúncias de conteúdos supostamente falsos por meio de servidores do TSE e do próprio gabinete do ministro.
Procedimento interno
Tagliaferro afirmou que não havia treinamento específico para avaliar as publicações. O trabalho consistia em verificar o post, identificar o perfil e encaminhar o caso para decisão de Moraes. “Éramos um gabinete receptivo”, resumiu.
Foco em alvos recorrentes
O ex-assessor também declarou que as medidas atingiam “sempre os mesmos” usuários. Conversas atribuídas a auxiliares de Moraes, trocadas em outubro de 2022, indicam monitoramento da deputada Carla Zambelli (PL-SP). Em uma das mensagens, o juiz auxiliar Marco Antônio Vargas teria sugerido usar uma publicação para prejudicar a parlamentar, enquanto o assessor Airton Vieira informou ter obtido autorização do ministro para bloquear a conta de Zambelli.
Dois anos depois, a deputada segue investigada em inquéritos no STF que apuram suposta milícia digital, os atos de 8 de janeiro e a divulgação de conteúdos classificados como desinformação. Moraes autorizou buscas e outras medidas cautelares contra a congressista.
A Gazeta do Povo informou ter procurado o STF sobre as alegações de Tagliaferro e aguarda resposta.
Com informações de Gazeta do Povo