Beirute – Os Estados Unidos elevaram a pressão sobre o Hezbollah e exigiram que o governo do Líbano avance no desarmamento do grupo xiita. Em visita recente à capital libanesa, o enviado especial norte-americano para a Síria e embaixador em Ancara, Thomas Barrack, afirmou que a credibilidade de Beirute “depende de transformar palavras em ações”.
O diplomata advertiu que, enquanto o Hezbollah mantiver seu arsenal, “meros pronunciamentos não bastam”. A declaração foi dada em 26 de julho, num momento em que a tensão cresce na fronteira sul do país, onde a milícia tenta se reorganizar apesar de perdas recentes.
Barrack ressaltou que Washington deseja ver o Estado libanês exercer “controle exclusivo” sobre todas as armas dentro do território nacional, promessa já feita por autoridades locais. “O governo e o Hezbollah devem se comprometer plenamente e agir imediatamente para não condenar o povo libanês à estagnação”, disse em comunicado.
Temor de sanções e retirada da Unifil
Veículos alinhados ao Hezbollah, como o jornal Al-Akhbar, interpretaram as falas como um sinal de que os EUA podem intensificar a pressão diplomática. Em 28 de julho, o diário classificou o posicionamento como “um aviso” e citou fontes que temem até a possibilidade de Washington apoiar a retirada da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), responsável por patrulhar o sul do país.
Negociações internas avançam lentamente
O presidente Joseph Aoun confirmou que há negociações em curso com o Hezbollah sobre o futuro de seu arsenal. Segundo o chefe de Estado, o processo avança de forma lenta, mas existe “abertura” nas conversas. Paralelamente, o primeiro-ministro enviou ao presidente do Parlamento, Nabih Berri – líder xiita tradicionalmente ligado ao grupo –, proposta para convocar o gabinete a fim de discutir a aplicação da decisão que concede monopólio de armas ao Estado.

Imagem: Reprodução via revistaoeste.com
A iniciativa é vista como tentativa de incluir formalmente o desarmamento do Hezbollah na agenda governamental. Aliados da milícia, contudo, demonstram receio de que a falta de resposta às cobranças internacionais leve Israel a adotar ações militares.
Analistas locais consideram que o recado de Barrack marca uma mudança de postura dos EUA, que até então apostavam sobretudo em incentivos diplomáticos para reduzir a influência armada do Hezbollah.
Com informações de Revista Oeste